quinta-feira, 31 de maio de 2012

Os Seres do Amanhã 3 - Índigos e Cristal

                                

                     Índigos, Indignados e Mal-Educados



Caros leitores, este talvez seja , dos três textos sobre crianças índigo, o mais difícil para mim. Não pretendo, de modo algum, dar lições ou receitas de como educar nossas crianças. Longe disso. Apenas espero seguir com minhas reflexões e quem sabe ter alguma sugestão para amenizar os crescentes conflitos familiares, muitas vezes potencializados e vividos precocemente quando tratamos com esses Seres do Amanhã.

Para tanto resolvi iniciar com um texto do dr. Içami Tiba, de seu livro “ Quem Ama, Educa!”. No capítulo 4 – Situações Críticas -  o dr. Içami Tiba escreve um sub-título muito interessante. Vamos a ele.

·        Crianças Hiperativas

 Muitas crianças e adolescentes mal-educados estão tomando Ritalina, medicamento que se destina ao tratamento do distúrbio do déficit de atenção (DDA), uma disfunção psico-neurológica que provoca dificuldade de concentração, ou déficit de atenção, ou ainda hiperatividade. Descrito há apenas poucos anos, esse distúrbio foi por muito tempo menosprezado e mal conduzido.
Agora, no entanto, está havendo exageros e confusão a esse respeito. A Ritalina não atua sobre mal-educados. Ainda assim, diagnósticos apressados e equivocados têm feito pessoas mal-educadas ficarem à vontade para continuar mal-educadas sob o pretexto de que estão dominadas pelo DDA. O fato de serem consideradas doentes facilita a aceitação de seu comportamento impróprio.
Claro, é mais fácil mesmo agir sem a necessária adequação de ser humano e cair na escala animal, liberando tudo o que se tem vontade de fazer... Concentrar-se dá trabalho. Exige esforço mental. Como a criança não suporta isso, começa a se agitar, a prestar a atenção em outra coisa.
Portanto, antes de os pais lidarem com o filho como apenas um mal-educado ou como apenas um portador de DDA, é importante que consultem um médico e recebam a orientação correta, base fundamental de boa educação.
Tanto o portador de DDA como o mal-educado são irritáveis, por falta de capacidade de esperar. A espera é um exercício.
São impulsivos, por falta de capacidade de se controlar. Estão sempre tentando fazer coisas.
São também agressivos. Em vez de reagirem adequadamente, é mais fácil para eles liberar a agressão, um dos primeiros mecanismos de defesa do ser humano.
Ambos são instáveis. Ora estão bem, ora estão mal.
Observe alguns dos principais sintomas presentes no portador de DDA  (mas que também podem ser simplesmente falta de educação) :
·        Distrair-se com “pensamentos internos” e cometer muitos erros por pura distração (ortografia, acentos, pontuação etc.).
·        Não ouvir a pergunta até o fim e já ir respondendo.
·        Não ler a pergunta até o fim; esquecimentos em geral: de material escolar, recados, estudos feitos na véspera etc.
·        Não esperar ser chamado
·        Interromper a fala dos outros.
·        Agir antes de pensar e desanimar-se com facilidade.
·        Tirar freqüentes notas baixas apesar da inteligência.
·        Permanecer muito tempo ligado no que interessa e desligar-se do que não interessa.
·        Acordar eufórico querendo resolver tudo naquele dia, mas acabar sendo vencido pela preguiça.
Quanto maior o número de sintomas e o tempo de permanência deles, tanto mais se configura a presença de DDA.
Há, porèm, algumas notáveis diferenças entre um portador de DDA e um mero mal-educado. O portador de DDA continua agitado diante de situações novas, isto é, não consegue controlar seus sintomas. Já o mal-educado primeiro avalia bem o terreno e manipula situações, buscando obter vantagens sobre os outros. (op.cit.,pág 152/154).


Desde de o primeiro dos meus textos tenho ressaltado as semelhanças entre DDA e crianças índigo. Mas  a semelhança entre um índigo e um mal-educado pode  ser assustadoramente maior. E é muito fácil entender porque.

Como já dissemos nos textos anteriores a criança índigo questiona todo tipo de  autoridade absoluta, a rigidez patriarcal. Bem quando começamos a quebrar as regras sem termos algo bem definido para colocar no lugar, estamos diante do caos. Estamos todos de acordo que a exacerbação da rigidez patriarcal está ultrapassada, mas como agir para garantir um equilíbrio nos processos de educação e socialização? Como agir com alteridade, se ainda nem sabemos ao certo como é viver isso em nossa individuação?

É mais do que sabido que crianças precisam de limites claros e bem definidos para um desenvolvimento psíquico sadio. Mas como estabelecer esses limites com crianças que estão nos questionando o tempo todo, que quebram regras, que não aceitam respostas simplistas e/ou autoritárias?

Às vezes, no dia-a-dia, o cansaço pode ser tanto que deixamos passar, que fazemos de conta que não vemos ou, o que é pior, nos encolhemos diante de nossa impotência. Nada pode ser mais prejudicial em educação do que estas atitudes. Nada pode ser mais perigoso do que estas atitudes quando lidamos com crianças índigo.

Ter uma criança mal-educada em casa é como ter TNT prestes a explodir. Ter uma criança índigo mal-educada em casa é como ter em mãos uma bomba atômica. Tudo para essas crianças é potencializado. Para o bem e para o mal.

Não pretendo ser alarmista. Apenas espero deixar uma mensagem mais realista em contraposição ao ufanismo criado em torno das crianças índigo como seres especiais e superiores.

Ao meu ver, são sim Seres Especiais, mas que precisam dos pais e educadores, tanto quanto qualquer ser humano para crescer sadio, pleno. Precisamos estar preparados para a mudança de paradigma da sociedade patriarcal. Precisamos estar preparados para mudar.

Especificamente o que é estar preparado para mudar? É mudar internamente. É acreditar e investir em si mesmo e no processo de individuação. É mover-se. É ter flexibilidade.

Flexibilidade... Talvez esta seja a palavra chave para a transformação!

Tudo o que enrijece fica estagnado. E, segundo o I Ching, tudo o que é estagnado deteriora-se.

Como colocar limites claros diante de tantos questionamentos?

·        Sendo assertivo e não agressivo.

Ser assertivo é ser pontual : o sim é sim / o não é não / por estas e estas razões e ponto.

A agressividade é um dos piores caminhos a serem tomados diante de qualquer criança e de qualquer adulto também. Mas tratando-se de crianças índigo ou de adultos indignados, a agressividade é ineficaz. Não adianta medir força com quem tem a convicção de estar certo. E na  maioria das vezes, o índigo que estiver agindo como índigo/ indignado e não como mal-educado estará certo mesmo. A agressividade frente a seres com esse potencial energético transforma uma discussão ou briga familiar naquela explosão atômica. Seres índigo sabem quem são; sabem o que querem; sabem o que precisam para consegui-lo. São extremamente inteligentes e com um poder de manipulação acima da média. Não medirão esforços até encontrarem o que procuram. Nem que para isso às vezes utilizem essa agressão que encontram em seu meio de maneira desmedida e perigosa. Ou ainda, voltem essa agressão para si mesmos. Uma auto-agressão doentia e mórbida.

·        Sendo paciente e não passivo.

A paciência é uma qualidade muito necessária para o auto-desenvolvimento. O paciente espera e entrega-se ao médico para a cura. O paciente dá-se o tempo necessário para que as mudanças ocorram. Para que o imaturo amadureça. Para que a poeira assente. Para que o insight aconteça.


Mas aquele que está ciente de sua paz –“ paz-ciente” – pode  esperar pelo tempo do outro, pela necessidade do outro, pelo amadurecimento e bem-estar do outro. Aquele que está ciente de si e do outro e de sua paz e poder está agindo com alteridade. E isso é muito diferente de ser passivo. Agir com paz-ciência  é respeitar a individualidade do outro. É saber o momento certo de estabelecer pontualmente o limite – ser assertivo. Agir com paz-ciência é também saber quando e porque parar, quando e porque recuar, voltar atrás.

Avançar, parar, recuar, voltar requer movimento e só se movimenta plenamente quem é flexível. Quem movimenta muda. Quem muda transforma.

Essa é uma educação para a Nova Era. E ela começa consigo mesmo. Primeiro temos que nos educar dentro desse novo paradigma para depois educar os outros. É bom saber porque essa regra ou esse valor é certo para mim, antes de querer transmiti-lo para alguem. Assim será mais fácil o outro acreditar em mim e aceitar o meu limite, não como uma ordem, mas como uma verdade. Assim abre-se espaço para o questionamento.

Muitas vezes a crítica, a não aceitação de uma regra ou imposição acontece apenas porque a criança pode estar percebendo algo que não vemos ou sentimos. Como o dinamismo de alteridade abarca tanto padrões do dinamismo patriarcal como  matriarcal, muitas vezes a proximidade com o inconsciente pode fazer dessas crianças radares captando tanto o inconsciente familiar quanto o coletivo, sem contar as próprias invasões do inconsciente pessoal.

Neste ponto é conveniente abandonarmos a lógica racional e cartesiana, tão enaltecida pelo mundo patriarcal e buscarmos recursos como a intuição, o sentimento e a percepção diferenciada para encontrarmos novos meios de agirmos, avançando ou retrocedendo frente às regras pré-estabelecidas e muitas vezes preconceituosas.

Enquanto escrevo isso uma imagem muito forte se forma em minha mente. É como se essas crianças índigo necessitassem de um acolhimento muito terno e intenso para não saírem em revoada. Um acolhimento, uma  contenção da alma para enquadrar-se neste plano. Em termos psicológicos poderíamos dizer em  estruturação do Ego para não ser invadido pelo inconsciente. Mas é ainda mais que isso. É a alma em seu significado mais profundo que precisa ser cuidada, alimentada. Como um cinturão de energia que nos envolvesse criando para todos os Seres um amanhã multicor.

Terminarei com versos de Drumond, pois as palavras me faltam e nesses momentos os poetas são imprescindíveis.

“ Amar se aprende amando.
 Sem esquecer o real cotidiano,
 também matéria de poesia”.


Bibliografia
  • Içami Tiba “ Quem Ama Eduaca!”  ed. Gente SP/SP 2002.







quarta-feira, 30 de maio de 2012

OS SERES DO AMANHÃ 2- ÍNDIGOS E CRISTAL

                 

                            O ciclo pós-patriarcal


Espero que o meu primeiro artigo sobre as crianças índigo tenha causado ao menos uma inquietação em você, leitor, pois eu o escrevi realmente para fazer uma provocação, para levar a uma posição, seja a favor ou contra, não importa, desde que se reflita sobre o tema.
Agora, pretendo sistematizar meu pensamento, dando-lhe subsídios mais consistentes de análise. Como se diz popularmente: “Vamos colocar os pingos nos is.”

Convido-os, gentilmente,  para seguir comigo nesta busca de entendimento para as mudanças da nossa sociedade.

“O que foi é o que será. O que foi feito é o que se fará. Não há nada de novo sob o sol. Se de alguma se disser: “ Vê, isso é novo”, esta coisa já existiu nos séculos que nos precederam.”
                                                                                                                (Eclesiastes, I, 9-10)

Falar sobre as sociedades matriarcal e patriarcal é algo muito complexo, e pode ser analisado sob diversas óticas. Fundamentalmente estarei centrando meu pensamento na obra de Joseph Campbell e em conceitos de Carlos Byington.

A citação dos Eclesiastes, me parece, descreve de forma lacônica a extensa teoria sobre mitologia comparativa de Campbell. Diz ele: “ O estudo comparativo das mitologias do mundo nos compele a ver a história cultural da humanidade como uma unidade; pois achamos que temas como o roubo do fogo, o dilúvio, a terra dos mortos, o nascido de uma virgem e o herói ressuscitado estão presentes no mundo todo.” “(...) Não foi encontrada ainda nenhuma sociedade humana na qual tais motivos mitológicos não tenham sido repetidos em liturgias; interpretados por profetas, poetas, teólogos ou filósofos(...)”(op cit., pág. 15).

É como a geologia que estuda as camadas sedimentadas dos solos ao longo das eras e a mistura de cada uma delas nas diferentes regiões formando padrões totalmente distintos entre si, mas oriundos de um mesmo subtrato. Grosseiramente, isso é  arquétipo e o inconsciente é o terreno no qual repousa o solo sedimentado.

Vamos recuar no tempo e pensar como nossa história começou. Sociedades primitivas e migratórias desenvolviam-se. Primeiramente de  natureza matriarcal, depois de natureza patriarcal e muito frequentemente coexistiam. Basicamente as sociedades paleolíticas (Paleolítico Inferior e Paleolítico Superior) eram matriarcais e caracterizavam-se pela forma passiva de atuação do homem para a obtenção de sua subsistência .Elas eram coletoras que retiravam da natureza o que esta oferecia ( caça, pesca, extração de moluscos, ovos, raízes e frutos). Quando acabava o alimento daquele local, migravam para outro e assim sucessivamente. No período Paleolítico Inferior os homens aprenderam a dominar o fogo e esse controle  diminuiu a dependência do meio natural. Assim aqueciam-se do frio, iluminavam a noite, defendiam-se de animais, cozinhavam alimentos e, bem mais tarde, passou a cozer a argila e fundir metais. A produção de ferramentas desenvolveu-se muito no Paleolítico Inferior, primeiramente utilizando a pedra lascada e a seguir o núcleo dos blocos originais.

O Homo sapiens apareceu por volta de 25000 a.C, que corresponde ao Paleolítico Superior e já utilizavam o marfim, ossos e pedras para sua ferramentas. Inventaram o arco e a flecha e a lança para a caça. Além de passar a pescar com anzol e linha. Foi lento o processo de desenvolvimento verificado em certas comunidades e sob condições históricas específicas, que fez com essas comunidades dessem um  salto  e passassem a cultivar plantas e domesticar animais, passando então a produtores de alimentos. É a chamada Revolução Neolítica ou Revolução Agrícola (10.000 a.C- 5.000 a.C), na qual a mulher desempenhou papel fundamental. A princípio, muito provavelmente, o cultivo da terra foi uma atividade  praticada pelas mulheres, assim como a coleta de frutos e raízes comestíveis. A caça era atividade masculina.

Nesta comunidade primitiva a mulher tinha posição de destaque e mesmo superioridade em relação ao homem. E isso devido à sua condição de criadora, fixadora e transmissora de conhecimento, das experiências praticadas pelo grupo. Devido ao grande número de casamentos, a descendência era determinada pela mãe- direito materno ( matriarcado). Somente mais tarde, com o surgimento da propriedade privada dos rebanhos, das ferramentas e depois da terra, é que  a descendência passou a ser feita pelo pai, para garantir o direito dos filhos à herança- direito paterno ( patriarcado). A monogamia foi , então, imposta para a mulher, a fim de garantir  aos homens a paternidade e legitimar seus filhos . Por volta de 5.000 a.C a Revolução Urbana  favorece o surgimento de sistemas de escrita e contagem e estabelece-se o domíno patriarcal.

Segundo Carlos Byington, “A Teoria Simbólica da História busca aplicar o conceito de símbolo estruturante e Self Cultural para compreender os acontecimentos históricos através da sua função simbólica na estruturação da Consciência Coletiva de cada cultura. Trata-se de tentar compreender o histórico na dimensão simbólica como vínculo do aqui e agora e suas raízes históricas com as estruturas ou arquétipos do Inconsciente Coletivo...”(op.cit. pág 120/121).
“O conceito de Self Cultural, como conceito psicológico que é, engloba, através da noção de Símbolo Estruturante, todas as funções da cultura e as subordina ao desenvolvimento psicológico humano.” (...) “A dimensão psíquica é assim concebida como essência do ontológico e, por isso, ao ser tomada como parâmetro de totalidade, preserva a integridade do ser humano no nível individual e social, evitando enfoques unilaterais que conduzem ao redutivismo.”(op.cit. pág. 136) (...) “O conceito de Self Cultural se fundamenta na diferenciação e organização das funções culturais subordinadas a quatro estruturas básicas de organização de Self e da Consciência, denominadas matriarcal, patriarcal, de alteridade e cósmica.”(op.cit. pág. 136).
(...) “ Percebendo-se o Self Cultural como uma estrutura que coordena e padroniza o desenvolvimento individual e cultural, podemos descrever (essas) quatro estruturas básicas,  através das quais o self orienta esse desenvolvimento. Estas quatro estruturas são evolutivas no desenvolvimento individual, quando se constituem como ciclos estruturantes de implantação sucessiva, e perduram durante toda a vida.” ( op.cit. pág.137).

Espero que estejam seguindo a minha linha de raciocínio até aqui, para entender que tanto social como individualmente  nossa evolução, enquanto espécie, se faz através de padrões que se repetem e se consolidaram, superando-se, misturando-se e repetindo-se sempre, até que gradativamente ocorre uma mudança significativa na consciência. A seguir, farei um breve resumo dos dinamismos matriarcal, patriarcal e de alteridade, citando textualmente o próprio Byington.

·         Dinamismo matriarcal

“O dinamismo matriarcal deve  ser compreendido no seu aspecto psicológico como um padrão de organização da personalidade, da cultura, da Consciência individual e Coletiva. Sua característica principal é a proximidade da Consciência dos processos inconscientes, o que da à Consciência uma discriminação, como se fosse, mais compatível com a claridade lunar do que com a solar. Suas discriminações, por isso, não são rígidas e preservam uma capacidade muito grande de se transformarem frequentemente, invertendo as polaridades discriminadas, quase que inconscientemente, em função das necessidades do momento. São discriminacões lábeis essencialmente pragmáticas e, por isso, com pouquíssimo dogmatismo abstrato, sujeitas a serem novamente indiscriminadas, cedendo lugar a outros símbolos estruturantes com outras discriminações, quase que como ilhas que afloram e submergem com o movimento das marés. Seria, porém, erro grave achar que elas sumiram e que o pensamento matriarcal é pré-lógico, pois, logo em seguida, dependendo da maré, lá estão aquelas ilhas, aqueles núcleos de consciência, firmes como nunca, discriminados e adequados à realidade, de forma, não raro, surpreendentemente inteligente. Esta habilidade do discurso matriarcal, oriunda de sua proximidade do inconsciente, faz com que este dinamismo necessite de expressão ritualística, geralmente com abundante expressão de sensorial rítmica musicada e dançada, para expressar e manter as discriminações matriarcais. Por outro lado, porém, é a própria labilidade do dinamismo matriarcal que faz com ele, um vez estruturado ritualísticamente, se constitua em hábitos culturais seculares dos quais a Consciência Coletiva dificilmente abre mão para mudar.”( op. Cit. Pág141).

·         Dinamismo patriarcal

“Os ciclos simbólicos estruturantes não se diferenciam entre si pela presença deste ou daquele Símbolo, desta ou daquela função psíquica e sim pelo padrão que rege a estruturação e que orientará o relacionamento do Eu e do Outro na Consciência por ele estrturada. O padrão patriarcal funciona como uma discriminação muito mais rígida e maniqueísta dos pólos de cada símbolo do que o padrão matriarcal. Por isso, em todo padrão patriarcal de qualquer cultura ou personalidade vamos encontrar um grau determinado de rididez na colocação dos limites de suas discriminações. Esta rigidez expressa o grau do componente repressivo sempre presente, que traz consigo uma maior ou menor elitização na discriminação dos pólos dos Símbolos. Isto quer dizer que a estruturação da Consciência pelo padrão patriarcal se faz sempre através de uma determinada repressão em nome de uma lei e ordem abstratas, que fazem com que a Consciência Individual ou Coletiva seja codificada e organizada de forma relativamente repressiva e elitista no relacionamento do Eu com o Outro.(...) Há sempre uma tendência a separar nitidamente o que é do Eu  e o que é do Outro, bem como a separar nitidamente os pólos antiéticos dos símbolos estruturantes e a codificá-los de forma elitizada”.(op.cit. pág. 149)

·         Dinamismo de alteridade

“Os símbolos estruturantes do Novo Testamento quando percebidos dentro da conceituação do Eixo Ego-Self expressam, sem sombra de dúvida, um padrão de estruturação da Consciência muito diferente do padrão patriarcal e que ao mesmo tempo, não coincide com o padrão matriarcal. Percebem-se componentes matriarcais e patriarcais interagindo num padrão de consciência muito diferenciado e desenvolvido que o padrão matriarcal e patriarcal. Denominei-o de padrão de alteridade (alter = outro) porque nele a Consciência se torna capaz pela primeira vez de perceber a si mesma, ao mesmo tempo em que se percebe e ao Outro em  relação ao todo. Alteridade não é simplesmente um padrão igualitário de relacionamento do Eu com o Outro isoladamente, mas do Eu com o Outro relacionados significativamente, ou seja, conscientemente dentro do processo de transformação do todo. Na vivência da alteridade o Eu  se torna capaz de vivenciar a dualidade na unidade. No padrão de alteridade, o relacionamento do Eu e do Outro inclui, simultaneamente, o elemento erótico aglutinador do dinamismo matriarcal e o elemento dogmaticamente discriminador do dinamismo patriarcal no qual  a identidade e a separação do Eu e do Outro são claramente mantidas na Consciência. (...) O padrão de alteridade, como qualquer outro padrão estruturante, é, assim, inseparável do contexto evolutivo. Contudo, enquanto nos padrões parentais (matriarcal e patriarcal) o todo é pecebido coordenando a relação do Eu e do Outro através do desejo ou necessidade de sobrevivência e vitalidade (matriarcal), ou de subordinação à lei tradicionalmente revelada e dogmatizada, para o desempenho de tarefas abstratamente codificadas (patriarcal), na alteridade o Eu se relaciona com o Outro igualmente e desse relacionamento percebe criativa e dialéticamente o desenvolvimento processual do todo, passando a se tornar co-autor consciente e co-responsável por sua História.” (op.cit. pág 156).

Bem, agora que está  conceituada e definida minha linha de pensamento, vamos voltar aos Seres do Amanhã ou crianças índigo, como me referi a eles em meu texto anterior. Naquela ocasião falei das mudanças que observo na nossa sociedade como um esgotamento da sociedade de ordem patriarcal. 
“É como se a sociedade patriarcal em que vivemos estivesse chegando ao seu limite. Um passo em direção a alteridade precisa ser tomado, não apenas enquanto indivíduos, mas enquanto consciência limite da sociedade.” disse então.

Utilizar o conceito de  crianças índigo pressupõe algumas crenças como reencarnação, metafísica ou até mesmo para alguns misticismo, o que limita muito a aceitação da grande mudança social que vivemos e precisamos viver. Não que eu pessoalmente não compartilhe dessas crenças, mas é que ao lidarmos com o social, temos que buscar o que é mais viável para o todo, para um maior número de indivíduos, independente de seus dogmas particulares.

Assim, penso que ao invés de dizermos que estes seres são índigos, poderíamos simplesmente dizer que a humanidade está cada vez mais inserida no dinamismo de alteridade e que as contestações e a recusa às regras pré-estabelecidas e rígidas, fazem parte de Egos cada vez mais estruturados  dentro do dinamismo de alteridade.

Como o desenvolvimento dessas estruturas é evolutivo, num primeiro momento a Consciência norteada pelo ciclo de alteridade era esporádica, como pingos de chuva que caem aqui e ali sem fazer muita água. Mas com o passar do tempo essa evolução vai se intensificando, a diferenciação vai aumentando e atualmente vivemos sob uma chuva torrencial que vem causando muitas inundações.

Não é fácil para uma estrutura de consciência de alteridade conviver, sem choque, com a rigidez patriarcal ou a passividade matriarcal. Por outro lado não é fácil para crianças que ainda nem sabem se expressar adequadamente, questionar seus pais sem serem tidos como agressivos, rebeldes ou anti-socias. Não aqueles pais que, imersos no dinamismo patriarcal, não suportam ver a ordem “naturalmente” hierarquizada da sociedade ameaçada. Daí o conflito.

Quando disse anteriormente que essas crianças estavam sendo transformadas em avatares da humanidade para ofuscar o trabalho que individualmente devemos fazer enquanto desenvolvimento das nossas personalidades, é porque o dinamismo de alteridade faz com tenhamos de viver com consciência do presente 24 horas por dia. E isso, creiam, é exaustivo para quem ainda não integrou suas instâncias psíquicas. Não é fácil para pais conviverem com crianças de tenra idade que os colocam contra a parede, exigindo um grau de elaboração das respostas que muitas vezes nem mesmo os adultos de suas relações estão prontos para dar.  Crianças que não aceitam desculpas ou “mentirinhas de conveniência” como respostas e esperam sempre uma transparência de ações, sentimentos e atitudes. É opressivo para ambos.

Temos, ainda, de ter em mente que os ciclos matriarcal e patriarcal não são bons nem maus em si próprios. Tanto um com outro são necessários e parte integrante do nosso desenvolvimento, mas a unilateralidade em um deles gera distúrbios, quer sociais, quer individuais. Atualmente, a predominância do dinamismo patriarcal sobre os outros dinamismos estruturantes está gerando uma sociedade doente. Citando mais uma vez o texto primoroso de Byington: “O dinamismo patriarcal fabrica no momento o maior arsenal armamentista farmacológico com que já se combateu uma doença. Ao corpo que clama, através de sintomas, por uma vida humana mais íntegra, mais ecológica no sentido da natureza, mas também do corpo, da sociedade e das emoções, responde-se com centenas de milhões de comprimidos de psicofármacos para reprimí-lo.” (op.cit. pág. 143)

Acho que a partir daí explicamos o porquê de tantos diagnósticos de Transtornos de Personalidade, TOC, Hiperatividade, DDA, TDAH... Assim podemos medicá-los, assim a Ritalina e os anti-depressivos  podem ser a bola da vez... E assim os nossos adolescentes, sem nenhuma perspectiva de fazer hoje a transformação da sociedade para a qual geneticamente estão sendo preparados lenta e gradativamente através do processo evolutivo, recorrem ao “cutting”, às tentativas de suicídio, para sentirem que o sangue que corre em  suas veias é real. Que sentem a opressão em seu peito por terem de participar  de uma sociedade doente, mas que os apontam a eles próprios como doentes porque querem expressar hoje os Seres que São e não continuar esperando pelos Seres do Amanhã.

Apesar de ser muito bem vinda essa mudança de consciência, neste momento ela ainda é muito tumultuada. Nem tudo são flores para os índigos ou para os indignados. Pelo contrário, às vezes parece que ao invés de ter surgido uma nova cor, sumiram todas as cores e o cinza dos dias de tempestade impera.
Mas é somente depois da chuva que vemos o arco-iris e aí tudo é multi-colorido.

No próximo texto, que será menos conceitual, pretendo falar sobre os índigos e as relações familiares.
Agradeço a sua companhia e estaremos juntos em breve, em mais um Amanhã.




Bibliografia


·         Campbell, Joseph -  As Máscaras de Deus- Mitologia Primitiva”,editora Palas Athena, 4º edição, RJ.
·         Byington, Carlos- “Uma Teoria Simbólica da História. O Mito Cristão como principal Símbolo Estruturante do Padrão de Alteridade na Cultura Ocidental, in JUNGUIANA Revista da sociedade Brasileira de Psicolgia Analítica nº 1/ 1983.
·         Aquino,Denize, Oscar- “História das Sociedades – das Comunidades primitivas às sociedades Medievais, Ao Livro Técnico, RJ, 1980.
·         Carroll, Lee * Tober, Jan- “Crianças Índigo”, Butterffly Editora, SP, 2005.

terça-feira, 29 de maio de 2012

OS SERES DO AMANHÃ - ÍNDIGOS E CRISTAL

                         
Há um tema que nos últimos anos tem chamado muito a minha atenção, sobretudo depois que minha filha nasceu e entrou na escolinha. Gostaria  de dividir com vocês essas minhas considerações e refletir sobre algo novo, mas fundamental para a saúde psíquica da nossa sociedade. Esse é um assunto extenso e não tenho a pretensão de concluí-lo agora, ao contrário quero apenas levantar a pontinha do véu e convidá-los para empreender comigo esse estudo, essa descoberta. Toda e qualquer consideração será bem vinda e me ajudará a avançar neste novo desafio.

Por opção, após o nascimento da minha filha, não voltei a atuar profissionalmente o que me deixou com tempo “livre” para observar coisas novas e cotidianas e estudar um pouco mais de filosofias que pudesse me dar uma explicação razoável para essas observações. Quando se desenvolve a “escuta terapêutica”, você não a abandona porque não está dentro de um consultório, o que muda é a sua forma de intervenção.

No setting terapêutico você é analista e conduz seu trabalho com alguém que foi buscá-lo profissionalmente. Mas no dia-a-dia são muitos os pedidos de ajuda e exposições de conflitos que nos atinge enquanto sociedade, mas que não sei ao certo qual a melhor forma de intervenção, pois afinal somos sujeitos e objetos desse mesmo enredo. Bom, uma luz vermelha acende constantemente diante de meus olhos me chamando a atenção para uma mudança brusca em nossas crianças, em nossos adolescentes, provocando uma inquietação à qual não pude ficar indiferente.

Dois momentos distintos de um mesmo movimento.

Cada vez mais adolescentes estão praticando atos como o “cutting” ou tentativas de suicídio, muitas vezes apenas como desafios para estar dentro da turma, mas com atos que levam a risco à vida , ou no mínimo deixam severas cicatrizes quer física quer psíquica.
Cada vez mais nossos bebês são introduzidos precocemente em berçários e escolinhas de educação infantil.

Coincidentemente, ou não, cada vez mais diagnósticos de Transtornos de Personalidade Borderline, TOC, Hiperatividade, DDA, TDAH, proliferam em escolas e consultórios. A ponto de esses termos terem se tornado corriqueiros e numa completa inversão de valores, alguns pais desavisados, falam de seus filhos hiperativos como um mal necessário, tipo mal do século.

A primeira pergunta que me fiz foi a seguinte: Porque o aumento desses diagnósticos? De fato aumentou o a incidência ou o rigor dos métodos diagnósticos? Se aumentou a incidência, que sociedade é essa em que vivemos que convive e promove o aumento de transtornos de personalidade ou hiperatividade tratando-os como se fosse um vírus de gripe corriqueira, ao qual todos estão expostos. ( Não quero menosprezar aqui o vírus da gripe, com todo respeito).

Como o estudo das sociedades matriarcal e patriarcal sempre norteou meu pensamento e, quem estiver familiarizado com a teoria junguiana bem conhece o conceito dos ciclos matriarcal, patriarcal,de alteridade e cósmico de desenvolvimento da personalidade, foi essa minha primeira via de avaliação.

É como se a sociedade patriarcal em que vivemos estivesse chegando ao seu limite. Um passo em direção a alteridade precisa ser tomado, não apenas enquanto indivíduos, mas enquanto consciência limite da sociedade. Falar sobre a sociedade patriarcal requer  textos a parte.

E enquanto me dedicava a isso fui  presenteada com um livro sobre crianças índigo, já ouviram falar? Mas antes de prosseguir quero fazer aqui uma grande ressalva alertando para o cuidado de mais um rótulo para as nossas crianças. Esse termo passou a ser usado indiscriminadamente por pessoas que transformaram as crianças, todas elas,  em avatares da humanidade, encarregados de fazerem por nós o trabalho de desenvolvimento quer espiritual quer psíquico que não nos dispusemos a fazer individualmente.Todo cuidado é pouco.

Crianças Índigo”,Lee Carrol e Jan Tober, Butterfly editora, é um dos primeiros livros sobre o tema. Livro de auto-ajuda é destinado aos pais, educadores, psicólogos e todos aqueles que se dedicam as crianças. Jan Tober entrevistou Nancy Ann Tappe, a primeira a identificar e a escrever sobre índigos em seu livro “Understanding Your Life Through Color ( Entendendo sua vida através da Cor). Segundo Nancy, resumidamente, cada pessoa emite uma cor  que identifica sua missão na vida, no planeta. Nancy consegue ver essa cor e conta que a partir dos anos 70 /80 percebeu que uma nova cor estava surgindo, isto é, estavam  nascendo crianças que apresentavam uma cor diferente do padrão já identificado, e essa cor é o índigo.

Recomendo a leitura do livro, pois não pretendo me estender sobre ele. Apenas, mais adiante, citarei as dez características mais comuns das crianças índigo, segundo os autores.
Bem, voltando ao ponto de partida, como disse essas reflexões começaram a partir da vivência cotidiana, com minha filha e as crianças que a cerca. Não sei quantos de vocês já tiveram a impressão de que tudo o que se aprendeu é inútil quando se trata dos próprios filhos. Bem a medida que minha pequena cresce, cresce também o número de vez em que estou em minha cozinha e penso que deveria rasgar o meu diploma e começar tudo de novo.Uma enorme sensação de que tudo o que aprendi sobre desenvolvimento infantil já não serve, está ultrapassado, é obsoleto.

Mãe desavisada, marinheira-de-primeira viagem, a tendência imediata é pensar que seu doce pimpolho é super dotado, sonho de todo ego envaidecido de mãe. Mas como o senso crítico de meu ego engolfado no ciclo patriarcal sempre me leva ao questionamento, abandonei as resposta mais simples, arregacei as mangas e fui à luta para entender um pouco do que está acontecendo. Até porque, minha filha não é a única criança de nossas relações que apresenta essa velocidade de desenvolvimento que nos deixa perplexa. Não, se trata de algo maior, não meu ou da minha família, mas da sociedade.

A entrada dela no mini-maternal foi um corte não apenas do cordão umbilical emocional, mas também da quebra de referência dos modelos idealizados ou aprendidos do que é educar.

Como se ampliou o contato com diferentes crianças de diferentes realidades, o padrão começou a se repetir. Mais e mais relatos de pais que pensam que não dão conta de acompanhar a rapidez com que seus filhos se desenvolvem, pensam, respondem, interagem e principalmente descobrem uma forma nova, própria de fazer suas coisas. Duas certezas começaram a se estabelecer.

Essas crianças parecem necessitar de mais de um adulto para satisfazerem a velocidade com que precisam e absorvem os estímulos e, decididamente, elas são diferentes de nós quando tínhamos a idade deles. Estamos diante de seres que trazem um novo paradigma para a humanidade, estamos diante dos Seres do Amanhã. Suas principais características são: (segundo Lee Carrol e Jan Tober)

  1. Elas nascem, sentem-se (e agem) como nobres.
  2. Acreditam “merecer estar neste mundo” e se surpreendem quando as outras pessoas não pensam da mesma maneira.
  3. Não têm problemas de auto-estima. Costumam dizer com freqüência aos pais “quem são”.
  4. Têm dificuldades em lidar com autoridades absolutas (sem explicação ou possibilidade de questionamento)
  5. Recusam-se a desempenhar determinadas tarefas. Esperar em fila, por exemplo, é algo difícil para elas.
  6. Frustam-se com sistemas ou tarefas que seguem rotinas ou rituais repetitivos em que não possam usar a criatividade.
  7. Costumam identificar maneiras mais eficazes de fazer as coisas tanto em casa quanto na escola, o que as torna verdadeiras “destruidoras de sistemas” ( não se adaptam a qualquer tipo de convenção).
  8. Parecem não se relacionar bem com pessoa alguma que não seja igual a elas. Se não encontram ninguém com quem possam compartilhar suas idéias e opiniões fecham-se e sentem-se incompreendidas. A escola normalmente é uma experiência difícil para elas em termos sociais.
  9. Não respondem a técnicas de disciplina associada à culpa (“espere só seu pai chegar em casa e ver o que você fez”).
  10. Não têm vergonha ou problemas em expressar suas necessidades.

Ah! Só para terminar, essas crianças estão mudando o paradigma de consciência da humanidade e já estamos no século 21. Será que eles é que são do amanhã ou o futuro já chegou?




segunda-feira, 21 de maio de 2012

SUPER NANNY X NANNY McPHEE

              Como Educar com limites nos dias de hoje


“Quando vocês não me querem, mas precisam de mim, eu estou. Quando vocês me querem, mas não precisam mais de mim, então eu vou.” – Nanny Mcphee

O que mais se discute em Educação atualmente é a questão do limite. E sobre esse assunto encontramos todas as tendências possíveis e imagináveis. Algumas famílias não dão limites por acharem que não precisam, outras por verem ai um tipo de castração, outras ainda pensam que estão educando com limites, quando na verdade não estão e finalmente existem aquelas que não têm a menor ideia do que seja isso.

Escolhi dois modelos famosos de educar com limites para ilustrar esse tema. Dois modelos opostos e que certamente agradam ou a gregos ou a troianos.
Super Nanny é a educação tradicional, baseada em regra-gratificação-punição. Claro que tudo muito bem estruturado e com respeito e amor tradicionais às crianças. Quando o caos está instalado e colocar limites se torna uma questão da sanidade parental ou do fim da família, a gente apela para tudo. E certamente o método dá certo. Aliás tem dado certo há tantos séculos que está mais do que comprovada sua eficácia. Não tem o que se discutir quanto a isso.

Se me perguntam o que eu acho...bem serei muito sincera.
Conhecem o ditado: “cachorro sem cerca fica louco”. Então, se aplica neste caso. Criança sem limite adoece emocionalmente, psiquicamente. Prefiro criança com limites rígidos e claros para serem transgredidos do que criança sem limite algum.

Contudo, esse não é o modelo que eu quero para minha filha. Nem pensar.
Acho muito interessante os comentários de algumas mães sobre o “método Super Nanny”. Parece a descoberta da pólvora. A solução para todos os problemas. A cura para o mal da falta de educação. Para algumas famílias pode até ser mesmo. (Principalmente aquelas que já vivem no caos).
Esse modelo é a quintessência da lógica patriarcal, onde um manda e o outro obedece. E esse que manda é o detentor da verdade, do poder. É a figura do Pai Poderoso Zeus no trono do Olimpo “ensinando” e ordenando a seus filhos a fazerem o certo e o correto, para continuarem sendo seus filhos bem-amados. É Hera, bem sentada em seu trono ao lado de Zeus, criando filhos bem-educados, amados pelo pai, elogiados por todos, dentro de uma casa harmoniosa, tranquila, segura, quieta e fria.
Mas, sinceramente, para essa nova geração que está ai, acho que complica mais do que ajuda.
“Quando vocês não me querem, mas precisam de mim, eu estou. Quando vocês me querem, mas não precisam mais de mim, então eu vou.”
Quem já assistiu o filme “Nanny McPhee” deve se lembrar desta frase. Ela a usa sempre que chega em uma nova família e as crianças tomam seu primeiro susto com sua forma sui generis de agir. É, por assim dizer, seu cartão de visitas.
Nanny Mcphee é feia, velha com semblante severo e amargo. Parece muito com uma bruxa. As crianças têm que obedecê-la por medo. E quando ela bate sua bengala no chão, então, têm de obedecê-la por força da magia.
“Quando vocês não me querem, mas precisam de mim, eu estou. Quando vocês me querem, mas não precisam mais de mim, então eu vou.”
São crianças indisciplinadas, malcriadas, egoístas, sem limites que  precisam de alguém para mostrar-lhes um caminho, dar-lhes uma orientação. Mas essas crianças não querem ninguém que faça isso. Como toda criança sem limite, sem noção, julgam-se autosuficientes e não querem mudar. Não querem aceitar regras, nem dividir, nem respeitar, muito menos entender a existência do Outro (qualquer Outro Ser).
Mas apesar de ser rejeitada, Nanny Mcphee não desiste e procura levar cada criança a entender a primeira lição: existe um Outro. Esse é o primeiro limite : tem o EU e tem o OUTRO.
E a cada lição aprendida Nanny Mcphee  ganha um atributo de beleza, de leveza, de luz.
O segundo passo é a criança entender que se existe um EU e um OUTRO é necessário respeito para cada parte, para cada vontade, para cada espaço.
A criança se transforma junto com Nanny Mcphee e fica mais calma, mais leve, com mais brilho. E mais uma verruga cai do rosto da velha bruxa.
Daí em diante já esta muito mais fácil e a terceira lição pode ser absorvida. As crianças – o Eu e o OUTRO que de reconhecem e se respeitam, precisam  colaborarem uns com os outros, pois a força vem da união, do dividir, do estar junto.
Daí nasce o amor. Amor entre crianças. Amor para com Nanny Mcphee e estas crianças querem desesperadamente que nunca mais ela vá embora. Que nunca fique longe. Que continue a guiá-las para sempre...como um porto seguro.
“Quando vocês não me querem, mas precisam de mim, eu estou. Quando vocês me querem, mas não precisam mais de mim, então eu vou.”
Então chega a hora da quarta lição...andar com as próprias pernas. Fazer suas escolhas, trilhar o seu caminho. Acertar...errar, mas tentar. Com respeito, colaboração e amor ao próximo. Sem o adulto para dizer o que é certo ou errado. Então Nanny Mcphee vai embora, linda, jovem e reluzente deixando para trás crianças que sempre a amarão, mas que não precisam mais dela.
O nome disto é ensinar com amor e autonomia.
LIMITE, AMOR, AUTONOMIA
Um não deve andar sem o outro.
Esta nova geração precisa muito disto!
Como pais estamos preparados para EDUCAR assim?

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Educação Intuitiva

Há tempos procuro uma resposta para algumas decisões que intuitivamente tomei em relação à educação da minha filha. Sabia que mais cedo ou mais tarde conseguiria respaldo e aquela sensação de estar completamente louca ou errada acabaria.

E ESSE DIA CHEGOU!!!

A história é polêmica e só agora que ganhou a grande mídia é que a coisa vai pegar fogo,mas eu adoro polêmicas em Educação.

Trata-se da CRIAÇÃO COM APEGO ou  "attachment parenting", é uma expressão cunhada pelo pediatra americano William Sears. Já postei um link onde vocês podem se informar mais sobre o tema.

Não vou levantar a bandeira deste modelo de criação, até porque não  conheço suficientemente, mas há alguns pontos que sempre fiz, sem saber que era esse o nome.

Uma das coisas mais criticadas pela Psicologia Moderna é o fato da criança dormir na cama dos pais.
Só Deus sabe quanta bronca, reprimenda, olhar torto e tudo mais eu ganhei por isso.Qualquer problema que acontecia, claro que a fonte era essa. Mas seja pela teimosia caracteristica dos capricornianos, seja pela aguçada intuição de mãe, consegui resistir sem me deixar abalar.
No meu caso,tudo começou , infelizmente, pela Depressão Pós-Parto, que ao mesmo tempo me deixava incapacitada de levantar tantas vezes durante a noite para dar de mamar, quanto me provocava um medo exacerbado da minha pequena ter morte súbita. Então era melhor tê-la comigo durante a noite.

Mas o tempo foi passando, fiquei curada e ai  fui descobrindo um enorme prazer em ter meu rebento ao meu lado, encaixado em mim durante a noite. Podendo trocar o calor do meu corpo para aquecê-lo. Ouvindo sua respiração suave, amparando nos momentos os sonhos maus o aflige; cuidando quando está doentinho. Fui percebendo que isso diminuia a ansiedade dela e  minha e a partir de então o motivo tornou-se simplesmente cuidado e prazer.

Quanto falatório e críticas por isso!!!!!

Mas como um pouco de conhecimento em História não faz mal a ninguem, busquei  referências nas diferentes culturas desde a antiguidade, onde a criança era sim criada na cama com os adultos, principalmente com as mães. Na Grécia antiga, as casas eram divididas em em Androceu- a ala masculina onde aconteciamos encontros, as reuniões dos homens, as festas. E o Gineceu- onde ficavam as mulheres e as crianças. Da mesma forma na Idade Média, as crianças dormiam com suas mães ou amas e os senhores e os guerreiros tinham a ala deles.

O quarto do casal é uma invenção da família burguesa, que muda muito as relações parentais vividas até então e são o modelo que seguimos até hoje.
Bem seguimos em parte, pois nas família de baixa renda é mais do que comum as crianças dormirem com os adultos ou com crianças mais velhas, por falta de cobertores mesmo.


A Psicologia defende que a criança tem que dormir em seu quarto e em sua cama para desenvolver autonomia e estruturar o Ego, diferenciando-se da mãe.

Freud, com a descoberta, importante é bom ressaltar, da sexualidade infantil, povoa de desejos inconscientes todos os atos onde a libido = afeto esteja presente. Principalmente aqueles que acontecem nas quatro paredes dos quartos.

Não posso negar os muitos relatos de crianças que foram abusadas sexualmente, por compartilharem a cama com os pais, nem de casais que têm relações sexuais, mesmo com os filhos em suas camas, sobretudo em camadas socio-economica-culturais mais desprovidas. É fato.

Mas tudo isso se deve a uma peversão do mundo patriarcal com sua lógica fálica! É uma doença social que de tanto ser perpetuada, tornou-se normal.

O que acontece com a Criação com apego ou Educação Intuiva, termo que eu prefiro, é que é por consciência e escolha que colocamos nosso filhos em nossas camas. E quando escolhemos isso, escolhemos também viver a nossa sexualidade de forma diferente e mais inventiva, se querem saber. É abrir um espaço em nossas vidas muito maior para sermos pais e mães.

É acreditar que as crianças têm vozes que precisam serem ouvidas.

Criança criada com afeto e com respeito desenvolve um Ego saudável, supera suas fases de desnvolvimento com naturalidade e se prepara para ser um adulto responsável de uma forma muito mais gostosa. Quando o desenvolvimento é saudável a natureza, os hormônios fazem com que a criança busque o seu quarto, o seu espaço, a sua cama...para viver o seu grande mundo interior. Ninguém precisa ter dúvida disso.

CONSCIÊNCIA E ESCOLHA!

 Isso faz toda diferença.

O mesmo serve para o segundo ponto mais atacado pelos Psicólogos e Nuticionistas, que é a relação com a comida.
Acreditem, às vezes forças demais só atrapalha.

Os princípios da Criação com apego são:

1- Preparação para a gravidez, o nascimento e a mater-paternagem.
2- Alimentação com amor e respeito.
3- Responder sempre com sensibilidade.
4- Praticar a Criaçao baseada no Apego.
5- Incluir esa criação também durante as noites.
6- Fornecer carinho constante.
7- Praticar a disciplina positiva.
8- Esforçar-se para o equilíbrio na vida pessoal e familiar

A forma como cada família escolhe viver isso é única e por isso mesmo gera uma diversidade maravilhosa.

Esse texto é muito mais um desbafo. Sintam-se a vontade para criticarem e cometarem muito!

e me deu vontade de terminar como minha amiga Fabiana Desidério, do Conversa de mãe:

FIM

Maternar Vida: A criação com apego e a neurociência

Maternar Vida: A criação com apego e a neurociência: Segue abaixo um texto bastante interessante que foi escrito pela Lígia, bióloga, do blog Cientista que virou mãe , vale muito a pena ler ...

domingo, 13 de maio de 2012

Mãesupial

Aderindo à campanha do Programa Papo de Mãe : mães sem culpa.... resolvi assumir de vez meu lado mãesupial.

É aquele lado mãe-canguru, que adora carregar e nutrir a cria, até quando a maioria das espécies ja abandonou esta fase.

(O marsupial é um animal, mamífero, cujo desenvolvimento das crias se processa principalmente fora do corpo das fêmeas, dentro de uma bolsa, o marsúpio (latim: MARSUPIUM). O Canguru, por exemplo.)


Vai dizer que existe coisa mais gostosa do que dormir como uma conchinha, bem encaixadinho com o filhote e acordar no meio da noite com aquela mãozinha te  fazendo carinho. Ou ouvir a respiração tranquila ou a risada dele enquanto sonham?

Vai dizer que algo descanse mais do que tomar um  banho depois de um dia agitado e deitar de pijaminha, aninhada na cria para nem se ligar no está passando na TV, apenas ficar sentindo o cheirinho da tua criança prestes a dormir?

E quando eles começam a crescer e passam o dia fora, explorando o mundo e voltam a noite para o teu ventre, aconchegado, cansando, largado de tantas descobertas e simplesmente te dizem: - Mamãe, te amo!

Que gostam de fazer mousse de chocolate com você. Que adoram teu bifinho e que acham que tua sopinha não tem igual no mundo.

Que puxam teu rosto enquanto você trabalha no computador, só para  te dar um beijo e que  nunca param de falar sobre as coisas que aconteceu na escola.

Vai dizer....???....

Que me desculpem os colegas Psicólogos, os amigos Pediatras e os queridos Educadores, mas neste dia das Mães, eu quero mesmo é ser Mãe-Canguru.

Não importa a idade da minha cria, da minha filha...que ela volte sempre para o calor do meu útero símbólico. Para o meu marsupio sempre pronto para recebê-la.

Que meu ninho nunca fique vazio.

E quando a vida chamá-la para aventuras que resultem na inoxerável separação, que ela sempre saiba que que tem uma bolsa prontinha para nutrí-la.

Parabéns a todas as Mamães!!!!

assinado Mãe -Canguru assumida e sem culpa.