terça-feira, 28 de setembro de 2010

INDIVÍDUOS

Durante a semana, fui pensando no próximo tema. Primeiro me ocorreu falar sobre o uso excessivo de Ritalina e dos desvios de comportamento que levam ao abuso deste medicamento. Mas, assisti a um filme que tratava da superação de traumas sofridos por uma criança e como conseguiu ressaltar o lado saudável da personalidade - Resiliência-  Mudei de idéia.

Depois, outro filme mostrava a morte de um filho que durante anos sofreu com uma doença e como a famíla via como dever dos irmãos o cuidado com a criança doente. Isso também daria uma discussão muito boa.

Mas decidi que antes de falar dos problemas, trangressões, perdas e superações, seria legal começar pelas crianças, pelos indivíduos.

A maioria das crianças hoje em dia são educadas para serem pequenos adultos. Elas vão a festas, passeiam em shoppings, praticam esportes em academias, fazem inglês, têm um comportamento social de um adulto. E é claro, as ansiedades do adulto também. Os pais fazem isso certos de que estão dando a seus filhos o que há de melhor, as oportunidades que eles não tiveram; que isso fará a diferença lá na frente no futuro dos pequenos. Trazem seus filhos para viverem em seu mundo, numa grande união participativa familiar.

As escolas, principalmente as de orientação contrutivista e humanista, empenham-se em incentivar que cada criança adquira o conhecimento segundo suas experiências, segundo seus recursos, segundo seu próprio tempo. Isso é tentar preservar a indivudualidade da criança.

Então nossas crianças são pequenos adultos que estão sendo preparados para o mercado de trabalho, para conseguirem as oportunidades que seus pais não tiveram...e com sua individualidade preservada.
 
Só há um problema, quando socialmente cada um tenta preservar sua individualidade, sem se lembrar e se importar com a individualidade do ser que está ao seu lado, corremos o sério risco de cair no individualismo. E daí para o egoísmo, o egocentrismo é muito fácil. Acho que aqui é  o início de tantas transgressões, de tanta falta de controle, de tantas reclamações de escolas e pais; de tanta Ritalina.
 
A criança tem de se desenvolver como um indivíduo, ou seja um ser único, com consciência de si mesmo. Mas também com alteridade, isto é, com a consciência do outro e da individualidade do outro. Meu Eu  tem como espaço social o ilimitado, até que Eu encontre o Eu do outro, do coleguinha da escola, do companheiro, daquele indivíduo ao meu lado. Esse é o limite. É aí que as coisas devem parar e também é aí que as relações sociais devem começar.
 
Muito se tem reforçado de individualismo, mas esse limite tem sido passado de forma muito tênue para nossas crianças. Aliás o limite está diáfano demais.
 
A pessoa que transgride, que atrapalha e que lesa o conjunto social, também é chamada de indivíduo, só que pejorativamente e com desprezo:  "quem esse "indivíduo" pensa que é??"
 
Estamos educando nossos FILHOS DOURADOS para serem INDIVÍDUOS adjetivos, únicos em relação a uma coletividade, que não podem ser divididos, mas sendo parte integrante e importante dentro da sociedade. Ou  nossos pequenos indivíduos pensam que estão só no mundo e a única parte importante é a dele?
 
Para responder a essa pergunta temos de nos fazer outra: "que tipo de indivíduos nós somos?"
 
Que Métis nos inspire nesta reflexão individual e única.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

As dores depois do parto

Este é o título da palestra que vou dar agora em outubro (confirmo a data), para o lançamento do meu livro: "Diário de uma Mulher do Purgatório ao Paraíso. Maternidade,Depressão Pós-Parto e o Florescimento de uma Nova Vida".
A felicidade da maternidade é algo profundo e incomparável, principalmente quando se tem consciência de que estamos gerando os Filhos Dourados. Só que muitas vezes, as dores depois do parto ultapassam e muito aquelas sofridas antes dele. Quando isso acontece pode se tratar de Depressão Pós-Parto, uma doença que acomete de 10 a 20% da mães em todo o mundo. Aconteceu comigo!
E é por isso que desejo dedicar-me para esclarecer e desfazer os preconceitos sobre esta doença, bem como indicar tratamentos e principalmente a prevenção.
Ser mãe foi a experiência mais transformadora que já me aconteceu. Mudou minha forma de viver, de pensar na minha profissão, de olhar para as crianças, os Filhos Dourados e suas necessidades atuais.
Mas tive de superar um longo percurso até chegar aqui.
Por isso escrevi o livro.
Tornar público algo tão doloroso não é uma decisão fácil. Mas diante da minha dor, não consegui me calar.Tinha de ressignificar positivamente todos esses acontecimentos e a melhor maneira que encontrei para fazê-lo foi procurando esclarecer os mitos que sombreiam a depressão pós-parto.
Depressão pós-parto tem cura e o diagnóstico precoce é o primeiro passo para o florescimento de uma nova vida.

Filhos Dourados

Essa história me contou a mãe da mãe da tia de uma amiga e se passou a tanto tempo que ninguém mais sabe quando. E é por isso que conto a você agora.

" A filha de Tétis e do Oceano chamava-se Métis, a prudência ou a reflexão. Foi ela quem aconselhou Zeus a oferecer uma beberragem mágica a Cronos, para que esse libertasse os jovens deuses que havia engolido. O plano deu certo e Zeus tornou-se o senhor do Olimpo.

Mas essa proximidade com Zeus, sempre é perigosa e Métis teve de inventar muitos disfarces; fugir em todas as direções para escapar das investidas do Deus do Olimpo. A paixão arrebatadora de Zeus o cegava e ele perseguiu Métis pelos quatro quantos  do mundo, sem descanso até encontrar sua amada.

Totalmente subjulgada à força do amor de Zeus, Métis entregou-se. Dessa louca conquista, o ventre de Métis concebeu um ser divino. O senhor do Olimpo temia por seu reinado e resolveu consultar o oráculo de Urano e Gaia. A profecia não podia ser pior: Métis daria a luz a uma menina e seu segundo filho seria um menino que destronaria o pai, tal como Zeus fizera com Cronos.

A certeza de seu poder ameçado o levaria a fazer qualquer coisa e aconselhado por Gaia, Zeus convidou Métis para seu leito. Quando a teve nos braços Zeus a engoliu.

Tempos depois, quando a gestação chegava a seu fim, Zeus foi acometido por uma terrível dor de cabeça que o fez gritar de dor. Seus gritos eram tão fortes e desesperados que chamou a atenção dos deuses. Zeus mandou Hermes chamar Hefaísto e pediu a ele que lhe abrisse a cabeça. Temendo a ira do deus, Hefaísto recusou-se, mas a dor era tão insuportável que Zeus ordenou ao deus do fogo, que lhe golpeasse a cabeça com seu machado de ouro. Num ato certeiro Hefaísto cumpriu sua ordem.

Da cabeça ferida de Zeus saiu uma mulher reluzente, armada e magnífica. Os imortais suspiraram de surpresa e encantamento e Zeus encheu-se de orgulho.

Assim nasceu Atená, deusa da sabedoria e da guerra."


Mas Métis continua aprisionada e espera para gerar seu poderoso filhos que mudará novamente a ordem dos mundos.
  
Atuamente como pais, vivemos com o mesmo terror que Métis sentiu ao ser devorada pos Zeus. São tantas as questões sobre como educar nossos filhos...sobre o que acontece no mundo de hoje...sobre o limite, o certo o errado, enfim, sobre como ser pais. 

Pai/Mãe há uma Métis aprisionada dentro de cada um de nós.Toda a prudência e a reflexão estão esperando para serem libertadas e postas em prática. A profecia de Urano e Gaia se cumprirá, mas não por um exercício de poder. E sim porque a humanidade evolui e nossos filhos já nascem com uma noção de Eu muito mais forte que gerações passadas.Por isso dão muito mais trabalho e é muito mais difícil educá-los. Mas é proporcionalmente mais gratificante tê-los e vê-los crescer. Isso é inevitável. O filhos de ouro esta sendo gerado e nós somos seus pais.  

É como se a sociedade em que vivemos tivesse chegado ao seu limite. Um passo em direção à alteridade precisa ser tomado.Um passo além do patriarcal. Não apenas como indivíduos, mas enquanto consciência limite da humanidade.  
Desejo a todos que Métis se liberte e que nossos filhos dourados possam ser gerados e educados com muita prudência, reflexão e afeto. 

Primavera é tempo de fertilidade

O equinócio de primavera marca um período fértil, quando toda a natureza se renova e reinicia novos ciclos.
Ao fazer minha primeira postagem hoje, espero um período muito fértil para todos nós.
Um abraço
Malu