quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O QUE É BOM PARA MIM, NEM SEMPRE É O MELHOR PARA MEU FILHO

Muitas vezes nós pais, (princinpalmente as mães neste caso) achamos que é hora de esvaziar os armários de nossos filhos porque precisamos de espaço para guardar as coisas novas. Então começamos a tarefa cheias de energia e botamos para fora tudo o que já não serve mais e é com grande satisfação que arrumamos tudo, com a sensação de dever bem cumprido.

Ocorre que, apesar da real necessidade de espaço, estamos mexendo e nos desfazendo de coisas que não são nossas, mas de nossos filhos. É muito difícil estabelecer o limite entre eles e nós, já que eles precisam da nossa ajuda e mais tarde de nossa coloaboração para essa tarefa.

Ensinar os filhos a doarem o que já não serve mais para eles é louvável e há datas bem especiais, onde fica mais fácil os pequenos entenderem isso: Natal, Dia da Criança, por exemplo.

O que precisamos é definir o critério que usaremos para isso. As coisas são deles e não nossas. Com roupas pode até ficar mais fácil, pois em geral elas param de servir, eles crescem e não podem mais usá-las. Mas com os brinquedos, complica mesmo.

Já presenciei mais de uma vez situações em que as mães contam com ar de vitória que conseguiram desocupar uma parte inteira do guarda-roupa, doando os brinquedos (bichinhos de pelúcia são os preferidos, no caso de meninos então, nem se fala) e que a criança nem percebeu. Também ela já estava bem grandinha para aquele tipo de brinquedo. E como nossas crianças são obesas de brinquedos, temos a tendência de achar que é por ai mesmo. Que a criança nem vai reparar.

Muito bem, tempos depois essa mesma criança me pede de presente algum bichinho de pelúcia , pois sua mãe havia dado tudo embora e ela ficou sem nenhum.

O que está esquecido nesta ação é que a criança estabelece uma relação afetiva com seu brinquedos; um significado único somente conhecido por elas. Não raro elas passam muito tempo sem tocar num brinquedo específico, o que nos dá a falsa impressão de que elas já não ligam mais para eles, que já passaram da idade. E para nosssa surpresa (se não o doamos antes disso) num belo dia o brinquedo renasce em suas mãos e ela passa horas ou dias com ele, como se o tivesse ganhado naquele momento.

Por que ocorre isso? Porque, como disse, o brinquedo está cheio de energia afetiva investida nele pela criança, está cheio de significado. Ele tem a ver com um momento específico de sua história e nós não temos como saber disso. O desenvolvimento da criança não acontece de forma linear, muito pelo contrário. Ele é cheio de regressões que servem como impulso para ir mais para frente. Nestes momentos elas precisam voltar para lugares afetivos conhecidos, com seus objetos (brinquedos, coisinhas) cheios de significado, de segurança. Aí elas crescem, ela vão para frente, elas mudam de fase de forma mais harmoniosa. 

A percepção do tempo é muito diferente para as crianças, que o percebe de modo mais circular e não cronológico como nós. O tempo para elas, que só começa a ter algum significado a partir dos 5 ou 7 anos, é ainda cheio de indas e vindas, cheio de misturas de acontecimentos, reais ou imaginários.

A vida moderna tende a acelerar toda nossa relação com o tempo. Tudo tem de ser muito dinâmico. Não podemos parar; tudo tem de ser novo e seguir em frente. Infelizmente nosso psiquismo não funciona assim, muito menos o mundo interior da criança. E para podermos acolhe-las em seus momentos de regressão temos de aceitar isso.

Assim estaremos respeitando a individualidade de nossos filhos. Percebendo que eles são diferentes de nós, com necessidades e tempos e rítmos e forma de ser diferentes das nossas.

E isso nos faz prestar a atenção neles e no tempo deles (tempo interno); nos faz ressaltá-los como Indivíduos. 

E isso facilita desde a doação de brinquedos na infância ou a escolha da melhor escola para ele ( não para mim); na aceitação do tipo de roupa que ele vai escolher usar; escolhas dos amigos na adolescência e  por aí vai..... 

Então vamos tomar mais cuidado em como selecionar o que serve e o que não serve para nossos filhos, pois com a proximidade do Natal a tentação é grande.

4 comentários:

  1. MALÚ;QUE INCRÍVEL!ESTOU JUSTAMENTE PROGRAMANDO ESSA FAXINA NO ARMÁRIO DAS MENINAS...KKK!TENHO SEMPRE O CUIDADO EM RESPEITÁ-LAS;MAS FOI ÓTIMO RELEMBRAR!

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  2. E MAIS,QUERIDA,SEU BLOG TEM TIDO EFEITO NA MINHA VIDA...SUSPENDI A RITALINA DA GIOVANNA!APÓS SUA DICA E ALGUMAS CONVERSAS...TUDO FLUIU PARA TAL!
    ESPERO TER TOMADO A DECISÃO CERTA!BEIJOS DA VAN

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  3. Oi Van, desculpe a demora em te responder.
    Primeiro acho muito legal que vc esteja acompanhando o blog e esteja refletindo com ele. Continue assim e deixando seu comentário que é muito importante para mim.
    Mas uma coisa me preocupou, porque não ficou muito clara. Vc parou de dar Ritalina para sua filha sem discutir isso com o médico dela?
    Olha, quando eu falo sobre os abusos da Ritalina, quero dizer abuso mesmo, uso indiscriminado e sem diagnóstico comprovado pelo profissional. Há casos em que a Ritalina é importantissima para o tratamento, para o bem-estar da criança e seu desenvolvimento saudável.
    Não sou contra ao uso desse ou de qualquer outro medicamento, pelo contrário. Só ressalvo incansávelmente que eles SEMPRE devem ser prescritos por um médico com base em diagóstico preciso. Me esclarece isso, tá. Bjs

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  4. Nooosssaaa!!!!A limpeza sempre é feita nesta época e eu adoro dar aquela desocupada sem prestar atenção ao que as crianças acham.
    Que invasão...Valeu a dica, vou tomar muito cuidado.
    Mara

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