sábado, 9 de junho de 2012

CRIANÇAS CRISTAL- Por Tereza Guerra

http://www.anjodeluz.net/indigo_cristal/criancacristal.htm

As crianças CRISTAL são recém-chegadas ao planeta (cada vez em maior número). No entanto, sempre existiram, ainda que em pouca quantidade (Jesus Cristo foi uma delas). As crianças cristal são os chamados pacificadores, pois trazem atributos de paz e equilibrio para poder continuar o trabalho começado pelas crianças índigo. Ambas as crianças representam um desafio para a sociedade, especialmente para os pais. A forma de tratá-las vai ter de mudar, os pais e os educadores têm de adotar novas formas de ser, para lidar corretamente com as crianças da nova vibração.
   Segue-se um texto sobre os atributos de uma criança cristal - de Sharyl Jackson - traduzido para o castelhano por J. M. Piedrafita Moreno e para o português pela autora:
"Que sabemos das crianças da vibração de cristal? Por um lado, sabemos bastante. Por outro, nada sabemos de muito concreto. Como as próprias crianças, a informação, neste momento, é muito etérica, muito sutil e pouca óbvia. A diferença dos seus irmãos e irmãs 'confrontadores' Índigo, as crianças cristal não modificaram as coisas ... ainda. O 11 de setembro de 2001 foi um ponto decisivo, um sinal e uma porta de acesso para a próxima onda de crianças. A era das crianças cristal já chegou.
As crianças CRISTAL são provavelmente, em grande medida, as crianças (filhos) dos Índigo. Podem até ser índigo. Em uma conversa muito recente com Lee Carrol sobre os cristais, este declarou que são Índigo artistas. Ele pode ter razão realmente é o mesmo. O que realmente importa é que cada grupo ou subgrupo de crianças inspiradas pela unidade seja apoiado, e lhes seja permitido realizar seus trabalhos, seus propósitos divinos. Steven Rother (proprietário de Planetlightworker.com) e o seu grupo chamam essas crianças de os pacificadores, enquanto que os Índigo foram chamados de confrontadores de sistemas. As crianças indigo foram assim chamadas pela diferente cor de suas auras, o Índigo, que é a cor do terceiro olho, ou seja, do chacra frontal. Como são muito intuitivas, mentais, rápidas e se aborrecem facilmente, as crianças cristal, ao contrário, são chamadas assim não pela cor da sua aura, mas pela sua alta vibração. Talvez com o tempo se saiba que as crianças cristal são mais dominantes no chacra da coroa, o spectrum de cor violeta, e que sua aura é branca ou transparente.
Quando começaram a chegar as crianças cristal? Elas sempre existiram no planeta, porém era uma minoria que atuava como exploradores, apalpando o terreno, e a qual a humanidade não tratou muito bem. Como, por exemplo, aquele que ficou conhecido como Jesus, o Cristo. Com muita freqüência, esses exploradores eram assassinados, mas serviam o propósito de deixar sementes. Freqüentemente, diz-se que "cristal" e "Cristo" são palavras muito similares e, por esse motivo, têm uma definição parecida. Recordando o que foi dito, o leitor pode fazer uma boa imagem ou sentimento do que são as crianças cristal e para que vieram. Use suas habilidades intuitivas para sintonizar com a energia dessas crianças, criando uma unidade com elas, e o resultado no planeta será espantoso !
Com a cbegada das crianças índigo, vimos um incremento dramático no número de crianças diagnosticadas como hiperativas ou com ADD peja comunidade médica. Já se escreveu muito sobre esse fenômeno, por isso, deixo essas explicações para os mais entendidos. No entanto, perguntavam-me como as crianças cristal seriam classificadas. Observando, que comecei a ouvir foi a palavra "autista". Agora estou bastante convencida de que veremos um crescimento dramático no número de crianças autistas. Estas são realmente as crianças cristal (ou índigo artisticos), tão sensíveis e vulneráveis ao mundo que as rodeia, que se escondem dentro de si mesmas, desconectando-se o mais que podem, até mesmo dos humanos, para sobreviverem em um mundo em que ainda não se encaixam. Voltando à pergunta sobre quando as crianças crístal começaram a cbegar aqui, podemos dizer que desde as últimas quatro décadas, mais ou menos. Uns quantos mais do que o normal começaram a encarnar para ancorar a energia. Pelo que tenho observado, foi um dos trabalhos mais duros do planeta, mas alguém tinha de fazê-lo, pois apenas alguns dos "grandes" se encarregaram do trabalho. Até então, não era garantido que o planeta pudesse estar preparado para as crianças de vibração cristal, mas o espaço tinha de ser criado, o caminho tinha de fazer-se, sementes tinham de brotar, de qualquer forma. E aqui estamos. no século XXI, tendo passado por todas as nossas provas, dando as boas-vindas a uma grande quantidade dessas crianças, de forma que, aparentemente, estamos preparados. Como reconhecer essas novas crianças ou poucos adultos cristal que, como precursores, ancoraram as energias necessárias? Não andam por aí causando estragos, vivem tranqüilamente em uma obscuridade relativa. Fazendo o melhor que podem para ficar no planeta. Tive o prazer e a honra, assim como também a frustração, de criar um desses pioneiros, uma das primeiras crianças cristal, que agora já é adulta.
Minha experiência pessoal, minha intuição e os conselhos dados pelo grupo foram usados para recompilar uma lista de atributos das crianças da vibração cristal. Por favor, considerem que esses atributos não são todos inclusivos, nem toda a criança cristal exibe necessariamente todas essas qualidades. Extremamente sensíveis a tudo no seu meio ambiente: sons, cores, emoções negativas dos outros, cheiros, comida, produtos quimicos, a sensação de "estar vestido", violência, a dor de outros, consciência de grupo, freqüências eletromagnéticas, radiações solares.
Tão sensíveis que são profundamente vulneráveis, com muita intensidade e grande vulnerabilidade.
Devem passar um tempo sozinhas, não vivem bem em grupos e poucos entendem sua necessidade de solidão.
Devem entrar em comunhão com a Natureza e os elementos diariamente. O Espírito da Natureza os ajudará a equilibrar e a limpar todas as energias não harmoniosas que os afetam tão profundamente.
Simplesmente não entendem "a desumanidade do homem contra o homem", a guerra, a avareza, etc .. e podem sentir-se facilmente sufocadas com tudo isso. Retrair-se, desconectar-se, proteger-se se a vida é demasiado intensa, se eles se traumatizam ou vêem ou sentem outros traumatizados.
Normalmente são tranqüilos, os outros os admiram e se sentem atraídos por eles como um imã. Terão profundas e longas relações com humanos que lhes ofereçam o amor incondicional que os cristal sabem que é o único amor verdadeiro.
Quando um cristal olha para você, é como se tivesse penetrado dentro da sua alma.
Raramente necessitam ser tratados como uma criança tradicional pois são gentis, prudentes e capazes de dizer o que necessitam, o que é bom ou o que não é bom para eles. Quando o meu filho era muito pequeno, disse um dia: "Eu não posso beber álcool ou tomar drogas", e ele jamais tomou nada disso.
Com freqüência evitarão multidões ou centros comerciais. Demasiadas energias diferentes os incomodam.
Sentem um amor profundo pelas crianças e pelos animais. Têm uma forma extraordinária de conectar-se com todas as criaturas.
A água é muito benéfica para limpá-los e acalmá-los: banhos freqüentes, duchas diárias, cascatas, fontes, brincar com a água e a areia.
Requerem roupas confortáveis, à sua escolha, em cores e fibras naturais. Precisam de muita água pura e com freqüência preferem alimentos orgânicos frescos.
Antes de nascer, com freqüência, disseram a seus pais seu nome, como se o ouvissem em pessoa.
Milagres e magia ocorrem à sua volta: aparece dinheiro, os animais o procuram, os bebês lhes sorriem, curas ocorrem naturalmente.
São extremamente empáticos, ao ponto de saber o que um desconhecido está sentindo.
Sentem medo de intimidar porque se sentem invadidos, e não respeitados muito facilmente. Preferem ficar sozinhos a ter o seu "espaço pessoal corporal" descuidado. Também evitam relações românticas por medo de ferir o outro se a relação terminar.
Há uma inocência, uma falta de malicia, uma pureza, graças à ausência de ego nos cristal.
Podem necessitar de ajuda para aprender a conectar sua energia. Pode ser feito por meio de atividade fisica. Natureza, esportes, artes marciais, ioga ou dança.
Podem estragar aparelhos elétricos, rádios, televisões, computadores. Abstêm-se de mostrar emoções por medo da sua amplificação e perda de controle, pois podem parecer passivos ou sem sentimentos.
Podem sentir-se responsáveis porque alguém morreu, ou está ferido, ou, ainda, discutindo.
Podem ter, e provavelmente tiveram, periodos de depressão profunda. Respondem bem ao trabalho corporal à massagem ou ao trabalho energético realizado por alguém que está equilibrado. Massagens craneo-sacrais podem ser cruciais para manter seus corpos saudáveis e sem dor.
Com freqüência têm um metabolismo alto e são naturalmente vegetarianos. Inteligentes, vêem todas as possibilidades com um entendimento instintivo das leis espirituais, de como funciona tudo.
Têm uma conexão limpa com o seu eu superior, ascedendo naturalmente ao seu guia superior. É por isso que sabem a verdade da unidade espiritual. Curadores e pacificadores natos, com muitas habilidades, são capazes de regenerar os ossos e a pele.
Quando muitos de nós formos, gradualmente, renovados, ascenderemos à energia cristal que já está no DNA.
Podem ser pessoas de muito poucas palavras, mas todos os escutam, quando tranqüilamente expressam sua sabedoria com humildade. No entanto, não darão conselhos sem que lhes tenham sido pedidos e nunca interferirão."
Apresentamos, agora, de uma forma mais esquematizada e sintética, as diferenças significativas identificadas entre as crianças índigo e as cristal. Essas últimas têm revelado uma sensibilidade muito acentuada e, portanto, é necessário observar atentamente para, no futuro, não virem a sofrer danos psicológicos e emocionais, já que se assustam e, às vezes, até se atemorizam com a violência fisica: são também propensos a contrair alergias, "sensiveis a campos eletromagnéticos, entre outras coisas"...
Outros autores salientam que as crianças e os adolescentes de vibração cristal, em geral, podem apresentar ainda algumas das seguintes características:

* São tranqüilos, pacíficos (têm mesmo uma função pacíficadora), gentis, construtores.

* Apresentam,às vezes, capacidades telepáticas. Possuem uma força interior extraordináría.

* Lideram por meio do exemplo, são construtivos, e não têm o hábito de denunciar o que está errado, como os índigo.

* Testam seus limites psíquícos.

* Calam-se e afastam-se quando há conflítos. Têm tendêncía a evitar confrontações e arrelias.

* Falam com poucas palavras, mas o que dizem tem profundídade, e só dízem o que pensam se lhes pedem.

* Irradiam paz e tranqüilidade.

* São bastante afetuosos com os outros e percebem suas necessidades, embora geralmente não gostem de ser abraçados.

* Harmonizam naturalmente a energia que os rodeia.

* São menos robustos do que os índigo e são mais vulneráveis emocionalmente. Com eles não se pode brigar.

*Suas características podem ser confundidas com o autismo, por serem, às vezes, muito introvertidos e pouco sociáveis, sobretudo se percebem que não são compreendidos.

* Revelam possuir habilidades psíquicas desde que nascem.

* São extremamente sensíveis a tudo o que é o seu meio ambiente: sons, ruídos desagradáveis, cores, emoções negativas nos outros, cheiros, comida, produtos químicos, violência, a dor dos outros, consciência de grupo, freqüências eletromagnéticas, raíos solares. Podem ligar ou desligar aparelhos elétricos, rádios, televisores, computadores, alguns aparelhos até podem ser queimados com a sua presença.

* Procuram passar bastante tempo sozinhos, não se sentem bem vivendo em grupo, pois poucos entendem a sua necessidade de solidão. Gostam de se comunicar com a Natureza.

* Não compreendem nem aceitam a falta de humanidade do homem para com o homem: guerra, avareza, perseguíção.

* Retraem-se, desligam-se ou desconectam-se para se proteger quando à sua volta o ambiente é demasiado violento, podendo ficar traumatizados.

* Ainda que normalmente sejam tranqüilos, as pessoas sentem-se atraídas por eles como se fossem um imã. Têm grandes e profundas relações de amízade com pessoas que lhes oferecem amor incondiicional, o único amor verdadeiro.

* São gentis e prudentes, serão capazes de dizer aos outros o que eles necessitam, o que é bom para eles e do que precisam.

* Com freqüência evitam aglomerações de pessoas: centros comerciais, feiras, por haver demasiada concentração de energias diferentes. Antes de elas nascerem, os pais tiveram algum tipo de experiência psíquica com essas crianças.

* Milagres e magias acontecem ao seu redor. Até curas podem acontecer à sua volta, com naturalidade, porque são extremamente empáticos, até conseguem saber o que um desconhecido está pensando.

* Têm uma inocência e uma falta de malícia, uma pureza, graças à ausência de ego.

* Preferem abstrair-se a mostrar suas emoções, por receio de perderem o controle, podendo parecer passivos e sem sentimentos.

* Têm capacidade e facilidade para se ligar, ou conectar, com o seu eu superior e com o todo, ascendendo naturalmente ao seu guia interior; por ísso, sabem da existêncía da unidade espiritual.

* Possuem um bom equilíbrio dos dois hemisférios cerebrais, integrando as duas energias, a feminina e a masculina.

Segundo alguns autores há pessoas que integram, na mesma pessoa, as duas energias: Índigo e cristal. Elas podem ter uma mescla das duas energias, o que as faz mudar de comportamento conforme as situações. Não aceitam as regras culturais e só aprendem o que acham que é necessário. Têm, portanto, sua atenção centrada naquilo que para elas é essencial.

O silêncio é a melhor forma de se comunicar com uma criança ou um jovem cristal. O cristal é muito mais autônomo do que o Índigo, porque sua energia (se está equilibrada) lhe basta, e só aceita sua visão das coisas, porque sabe muito bem o que quer e o que é melhor para ele.

A solidão é muito apreciada pelos seres cristal, por isso, eles se afastam sem dar explicações, por necessitarem desses momentos de silêncio e solidão para se equilibrar e se centrar interiormente. Quando percebem que os outros querem usufruir de sua energia, limitam-se a desaparecer sem qualquer explicação.

Eles nada fazem para mudar as situações e muito menos as pessoas, respeitam os outros, mas exigem que os respeitem também. Por isso têm, às vezes, uma raiva contida que lhes pode trazer muitos problemas na relação com os outros, já que não perdem tempo com explicações do que pensam ou do que acham que está mal, mas sentem tudo muito intensamente, no seu intimo e na sua sensibilidade.

Entre irmãos (ou entre amigos), se um tem mais características Índigo e o outro, cristal: o Índigo tem tendência natural para proteger o cristal. Os Índigo vivem para o exterior, para fora, enquanto que os cristais são naturalmente espirituaís, já que vivem para o seu interior, para dentro de si. Têm percepções, intuições e captam muito mais questões relacionadas com a espiritualidade.

É verdade que não existem características ou padrões definitivos, muito menos rígidos, e nesse amálgama que é, neste momento, a evolução humaana, podem existir pessoas com algumas características Índigo e outras cristal e, no entanto, não se considerarem ainda um Índigo puro ou um cristal puro. Essas características surgem cada vez mais e, em pouco tempo, poderemos ser todos habitantes de um planeta Índigo. Os cristal têm uma aura transparente que não se vê nesta dimensão, há quem lhes chame cristal exatamente por isso. Dai que a dominância será certamente a cor Índigo, já que a cor do cristal não predomina.

Para concluir o tema das crianças cristal (embora a informação surja constantemente, por ser um assunto bastante recente), deixamos a vocês a experiência de J. Piedrafita Moreno e o seu primeiro encontro com uma criança cristal:

"Já tinha ouvido falar das crianças de vibração cristal, que eram o nosso passo seguinte na escala evolutiva humana, e que os indigo preparavam o terreno para a sua chegada.

A informação que eu tinha se referia a 2012. A minha intuição ultimamente me dizia que tudo acontecia mais rapidamente e uns dias atrás encontrei um artigo sobre eles. Deixei correr sem investigar muito.

Ontem, por 'casualidade', depois de dar uma pequena palestra sobre crianças índigo e sua educação, fomos a um café. Estávamos tomando algo quando um bebe de mais ou menos 1 ano de idade entrou, sentado em um carrinho empurrado por sua mãe. Foi como se tivesse entrado um Buda: puro e cheio de felicidade, irradiava paz.

Sendo eu um indigo, não o reconheci como tal, a primeira coisa que me veio à cabeça foi: 'criança cristal'. Sua vibração não era como a dos indigo, que rompe e muda sistemas. Era uma vibração que equilibrava e harmonizava tudo à sua volta. Sua aura tinha uma densidade especial, etérea.

Pude passar com ele um bom tempo, e a sua vibração impregnou todo o meu ser, de uma forma que eu nunca tinha sentido antes: a sensação de felicidade perdurou durante um longo tempo.

Foi uma das experiencias mais bonitas de minha vida.

A vibração cristal está abrindo caminho, já se faz presente, trazendo a quinta dimensão até nós".

Tereza Guerra

domingo, 3 de junho de 2012

Camille Paglia: "O feminismo não é honesto com as mulheres"

A intelectual americana diz que o movimento iludiu uma geração ao afirmar que era possível cuidar da carreira primeiro e ter filhos depois – plano frustrado pelas limitações da natureza.


DISSIDENTE A escritora americana Camille Paglia.  Ela quer que as mulheres possam ser mães em tempo integral sem ser julgadas (Foto: Reuters)
A escritora americana Camille Paglia. Ela quer que as mulheres possam ser mães em tempo integral sem ser julgadas (Foto: Reuters)
Escritora americana Camille Paglia, de 64 anos, ganhou destaque na década de 1990 ao analisar a interação entre sociedade e cultura em seu livro Personas sexuais. Professora da Universidade das Artes, na Filadélfia, há quase 30 anos, algumas de suas opiniões mais famosas – e polêmicas – são sobre a influência negativa do movimento feminista americano. Camille se diz uma dissidente. Para ela, o feminismo do final da década de 1960 fez com que as mulheres se colocassem no papel de vítimas. Agora, Camille volta sua crítica à ditadura da mulher profissional – aquela que deixa a família em segundo lugar para cuidar da carreira e fica infeliz ao perceber que é tarde demais para ser mãe. “O feminismo deveria encorajar escolhas e ser aberto a decisões individuais”, diz Camille, ex-companheira da curadora de artes Alison Maddex, cujo filho, Lucien, ela adotou.

Para ler a matéria na íntegra vá para o link

http://revistaepoca.globo.com/vida/noticia/2012/03/camille-paglia-o-feminismo-nao-e-honesto-com-mulheres.html

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Pais Analógicos Filhos Índigo e Cristal - Como encontrar a linguagem do entendimento


                               

                                   Os Planetas - A Família ( Helena – 6 anos)

Palestra
Por Malu Favarato Feitosa – Mãe da Helena

Quando comecei a pensar no que escrever para esta ocasião, lembrei-me da prima dos meus primos que nos reunia ao redor da piscina, nas férias de verão e nos contava histórias. O calor do sol,a luz, o cheiro do mar, as mães todas, ali cuidando de nós...tudo isso invadiu minha memória e me trouxe de volta uma sensação de segurança e aconchego.
Uma das histórias de que me lembro se passou a muito, muito tempo, quando os anos nem eram bem definidos.

Métis, a prudência ou a reflexão, era filha de Tétis e do Oceano. Foi ela quem orientou Zeus para que desse a Cronos a porção mágica, que fez com este devolvesse os jovens deuses que Cronos havia engolido. Assim, Zeus tornou-se o Deus mais poderoso do Olimpo.
Era melhor fugir do que ceder. E Métis fugiu em todas as direções. Escondeu-se. Mascarou-se com bons e maus disfarces:não lhe convinha a paixão sem fidelidade que Zeus lhe oferecia.
Através das nuvens, dos mares e das planícies, o deus enamorado perseguia-a. E só descansou quando a encontrou finalmente. Apesar de seu aspecto mudado, reconheceu-a. O passado foi esquecido. Amaram-se.
O fruto desse amor começou a brotar no ventre de Metis e Zeus resolveu consultar o oráculo de Urano e Gaia que preveniram Zeus: Metis daria à luz a uma menina e, em seguida, a um filho que o destronaria e se tornaria o senhor do céu, tal como ele, por sua vez, sub-julgara seu pai Cronos.
Para defender o poder ameaçado, qualquer sacrifício era válido. Aconselhado por Gaia e espantando com tal profecia, Zeus convidou a amante para o leito e, quando a teve em seus braços, engoliu-a.

Ao terminar o período de gestação, Zeus, andava pelas margens do lago Tritônis,e repentinamente foi acometido por uma dor insuportável que deteve seus passos. A cabeça lateja e ardia. Era como se milhares de punhais, aprisionados dentro dela, escavassem, às pontadas, os caminhos da saída. Os gritos desesperados do senhor do Olimpo sacudiram a terra e atraíram os deuses.
Às pressas, Hermes chamou Hefaisto, o ferreiro divino, e Zeus pediu a este último que lhe abrisse a cabeça com um golpe de seu machado.
Hefaisto, recusou-se a tal ato, temendo a ira de Zeus, mas as dores eram tão intensas que Zeus ordenou, mais uma vez, ao deus do fogo que abrisse sua cabeça com um golpe certeiro de seu machado. Hefaisto, sem alternativa,vibrando no ar o machado de ouro,com toda sua força golpeou o crânio de Zeus.
Da ferida aberta surgiu uma mulher belíssima, vestida com reluzente armadura. Na cabeça, ostentava o elmo de ouro; nas mãos, o escudo e a lança. O lago explodiu em ondas. O Céu relampejou. O Sol segurou os freios de seus corcéis, para dar passagem à bem-vinda. Os imortais do Olimpo ergueram-se de surpresa e respeito. E o coração de Zeus não coube em si de contentamento.
Assim nasceu Atena, a deusa da sabedoria e da guerra.”


Mas, o que o nascimento de Atena tem a ver com nossos filhos e o propósito desta reunião?? Muitos de vocês podem estar se perguntando.
Bem, por analogia poderíamos pensar nas dores de cabeça que dá ter filhos, bem como no orgulho que sentimos se os temos. Ou no fato de que para ser pai ou mãe precisamos ser fortes como Zeus, por isso muitas vezes nos sentimos impotentes diante de nossas crianças. Ou ainda, que maravilha seria se nossos filhos já nascessem prontos,sábios, de armadura para se defenderem e mais, defender a nós próprios.


Os mitos são maravilhosos porque nos dão ampla possibilidade de interpretação e análise e nesta noite quero destacar apenas um pequenos fiozinho deste emaranhado de ideias. Um detalhe, para ilustrar a nossa dificuldade de lidarmos com nossos pequenos rebentos nos dias atuais.

Qual de nós já não se viu em algum momento, desesperado, aterrorizado e impotente diante de cenas e malcriações de nossos filhos, isso para não falar de problemas mais sérios. Aquele sentimento de que cheguei no fim da linha e que se alguem não me orientar, não saberei mais o que fazer. Parece que já tentei de tudo e não dá certo. Preciso de ajuda. Uma sensação de que falta algo mais que não vejo, não alcanço, para ser um bom pai e uma boa mãe. Minha reflexão pessoal começou quando a Helena tinha 1 ano 1 e meio e me dei conta de que quase tudo o que tinha aprendido em Psicologia do Desenvolvimento estava ultrapassado. Depois de me curar da Depressão Pós-Parto resolvi ficar em casa para acompanhar mais de perto o crescimento da Helena e isso me deu tempo, vontade e um olhar diferenciado para analisar e pesquisar sobre esse assunto.

O Projeto"Harmonizando o Ser Índigo e Cristal - Orientação de Pais", tem por objetivo levar-nos a refletir exatamente sobre essas questões e não só nos ajudar a sermos bons, mas a termos consciência de que tipo de pais queremos e podemos ser.

Não dá para falar em pai, mãe e filhos sem falar em família. Família, por definição implica em filhos. Um casal sem filhos não é uma família. É e será sempre um casal. Portanto o que define a família é a criança. Ela é o eixo fundamental, o elo central.
E como anda a família ultimamente????
Não importa qual a estrutura desta família; se moram todos na mesma casa; se é composta pela união de várias famílias; se estão separados; se sempre viveram juntos. O que quero dizer é como funciona cada uma destas diferentes famílias.

Bom, vamos pensar numa unidade básica,PAI-MÃE- FILHO....televisão, dvd, computador. Sim porque nenhuma família é completa hoje em dia sem estes aparatos básicos.
E eles vêm todos com manual de instrução, menos os filhos.
Os programas que instalamos nos perguntam: tem certeza que deseja continuar com essa instalação? Se quiser clique em OK, senão cancele.
Só nossos filhos vieram sem manual. E nunca dará para deletar. Temos ex-maridos, ex-mulheres, ex-cunhados(as)..., somos ex-alunos, ex-funcionários e assim vai..... Mas nunca, nunca seremos ex-pai, ex-mãe.

Então deve haver algo dentro da família que a torna especial, indissolúvel.

E sabem o que é??? AFETO.
Somente dentro da família uma criança desenvolve o afeto,a afetividade, afetividade esta que será o molde para todas as suas relações futuras. Tão importante para uma criança em desenvolvimento quanto o alimento orgânico é o alimento afetivo. Criança sem afeto adoece. Tem desvio de comportamento, transtornos, sofrimentos.
E o que é dar afeto a uma criança? Aos nossos filhos??
É claro que os amamos, que vocês os amam, senão não estariam aqui me ouvindo. Então o que está faltando? Por que esses sentimentos de impotência e de culpa que nos avassala?

Vamos ampliar o foco e tentar ver o que tem acontecido por aí.

Tenho um filho a quem eu amo profundamente. E por esse amor estou disposta a fazer tudo para que ele esteja bem. Trabalho, dou duro, me desdobro. Me desdobro tanto que as vezes me perco, nem sei onde estou. E para me desdobrar assim, preciso de ajuda. Da avó, da babá, da empregada, do berçário, da escolinha. De todos juntos.
Mas isso parece que não basta e começam os conflitos, as birras, as agressões. E isso vai num crescente que vira o caos. A escola me chama porque algo não vai bem. Eu procuro a escola porque algo não vai bem. Depois de muitas reuniões, e um monte delas que não pude ir porque não dava tempo, chegamos a conclusão de que precisamos de alguem que nos ajude, já que eu não dou conta sozinha e a escola também não. Então entra a fono, a psicóloga,a nutricionista, o pediatra. Como nada muda, incluímos o neurologista e/ou o psiquiatra infantil.(para meu filho e para mim, porque nesta altura já estou com estresse, com síndrome do pânico e meu filho já foi hiperativo, teve transtorno de déficit de atenção, tem desvio de comportamento e talvez possa ser bipolar).Alguem, em algum momento, medica. E tudo isso antes dos 7 anos.
Eu já fui para terapia, o pai do meu filho já não sabe o que fazer. A cada cena, um culpa o outro e sozinhos , culpamos cada um a si mesmo. Tentamos terapia familiar e nada.
Voltamos à escola, já que lá as coisa vão de mal a pior, certamente eles são treinados para resolverem essa situação. Mas eles me dizem que o problema está em casa. E em meio a viagens, a trabalhos, a férias e a tardes passadas em buffets, as coisas vão se embolando e se embolam tanto que chego achar que é normal, que acontece com todo mundo e que um dia vai passar. Que um dia meu filho vai deixar de bater, de gritar, de responder, de exigir e não poder ser frustado, a nunca aguentar um não. Um dia ele cresce e amadurece e tudo passa.
Mas não se iludam que não passa. Piora!
E não precisamos de muitos exemplos para nos lembrar de fatos terríveis que ouvimos nos noticiários diariamente.

Então quero desistir. Já não sei o que fazer, como agir. Olho para mim e não tenho resposta. Quero desistir.

Só que desistir não dá. Não posso ser ex-mãe, ex-pai.
Por exaustão, do trabalho ou da falta de recursos, torno-me permissiva. Mas dar limite é tudo que os especialista me dizem que tenho de fazer. E se tento, sou avassalada pela culpa. Me sinto num beco sem saída. Não tenho modelo.

Eis aí o nosso ponto. Não são nossos filhos que vieram sem manual de instrução. Somos nós que perdemos o nosso.
Nos dão treinamento para falar em público, para sermos eficientes, dinâmicas de grupo para atuarmos como equipe e tantas outras dinâmicas,mas e para sermos pais?????
Quem me ensinou isso???
Não ensinaram mesmo. Perdemos nossos modelos. A educação repressora e castradora não serve, tenho de dar liberdade ao meu filho. Não posso ser autoritária. E sem recurso melhor sou permissiva.
Para não traumatizar meu filho, não digo não, não reprimo, não frusto.
Antes os filhos tinham medo de perder o amor dos pais e serem por eles abandonados. Hoje os pais, por medo de não terem o amor dos filhos, fazem tudo o que eles querem”( Giacovatti).E eles nos engolem.

Vivemos com o mesmo terror que Métis sentiu ao ser devorada por Zeus.

PAI MÃE há uma Métis aprisionada dentro de cada um de nós. Toda a prudência e a reflexão estão esperando para serem libertadas e postas em prática.
A profecia de Urano e Gaia se cumprirá, mas não por um exercício de poder. E sim porque a humanidade evolui e nossos filhos já nascem com uma noção de Eu muito mais forte que gerações passadas. Por isso dão muito mais trabalho e é muito mais difícil educá-los. Isso é inevitável. O filho de ouro esta sendo gerado e nós somos seus pais.
É como se a sociedade em que vivemos tivesse chegado ao seu limite. Um passo em direção à alteridade precisa ser tomado. Não apenas como indivíduos,mas enquanto consciência limite da sociedade. Os ciclos matriarcais e patriarcais estão sendo seguidos pela alteridade.
O dinamismo de Alteridade(alter=outro) é um dos dinamismos estruturantes da personalidade, conceito elaborado pelo dr Carlos Byington, que não cabe aqui entrar em maiores detalhes, mas de modo bem , bem geral , nos diz que “nele a consciência é capaz pela primeira vez de perceber a si mesma,ao mesmo tempo tempo em que se percebe e ao outro em relação ao todo.”
O padrão de alteridade, como qualquer outro padrão estruturante, é, assim,inseparável do contexto evolutivo.(...)na alteridade o Eu se relaciona com o outro igualmente e desse relacionamento percebe criativa e dialeticamente o desenvolvimento processual do todo, passando a se tornar co-autor consciente e co-responsável por sua história.”
A personalidade de nossos filhos, na maioria da vezes, tende a se estruturar dentro deste dinamismo.

Temos de nos preparar para isso e nosso preparo vem de dentro da família.

Há resiliência em família. Isto é, por pior que as coisas estejam, sempre há a possibilidade dessa família voltar ao seu estado de harmonia.
Resiliência é um termo recente dentro das ciência humanas,ciências sociais, da Psicologia. Profissionais de áreas como a engenharia, a física, e até mesmo a odontologia têm mais familiaridade com o termo, quando ele se refere à resistência dos materiais. A mídia tem empregado o termo com mais frequência e de maneira banal, considerando pessoas famosas como resilientes por terminarem casamentos ou por tolerarem os mesmo. Mas a aplicação do termo é muito mais ampla e séria.
Segundo a pesquisadora Maria Ângela Mattar Yunes “ser resiliente não é resistir a tudo com invulnerabilidade. A resiliência é a capacidade de superação diante da crise.”

Temos de acreditar nessa possibilidade e na força da família. Na grandeza que é ser Pai e ser Mãe.

O Projeto " Harmonizando o Ser  Índigo e Cristal" se propõe a discutir caminhos saudáveis, para pais e filhos se descobrirem como seres humanos mais plenos, inteiros e espirituais. Não através de manuais ou de receitas prontas, mas com workshops, vivênciais portanto, que nos leve a refletir a condição de sermos pais e a partir de dentro de nós mesmo descobrir nossos próprios caminhos.

O Mercado nos diz que ficar em casa, cuidando de crianças é coisa menor, de pouca importância. Temos de nos valorizar, investir em nossas carreiras. Para o Mercado nós precisamos ser quase um imortal, Zeus ou Atena, para satisfazer as suas exigências. Temos de ser os melhores em nossas ocupações, porque sempre nossas cabeças estão em jogo. Temos que ser saudáveis, fortes, malhados. Porque a aparência é meio caminho andado para o bom desempenho profissional. Sobretudo temos que ser jovens, dinâmicos. O Mercado tem pressa e não para. Não temos tempo para descanso, que é coisa de velho. Lazer, só se for radical e também não podemos perder nenhum evento cultural,nenhuma balada. Não podemos ficar de fora.
E arrastamos nossas crianças para essa vida... e depois queremos que eles sejam calmo e tranquilos.
Não temos tempo para eles, diante de tantos compromissos, mas tudo bem, especialistas nos dizem que não importa a quantidade do tempo que passamos com nossos filhos e sim a qualidade desse tempo. Concordo. Mas vamos ser sinceros: quem realmente consegue ter qualidade de alguma coisa depois de um dia exaustivo ou um final de semana em que mal se parou em casa?

O Mercado nos tem sob pressão e nós transmitimos essa pressão e essa pressa para nossos filhos. É claro que eles ficam agitados, super ativos. Estão tão exaustos quanto nós. Aí começam a birras, os choros, os pedidos de papai e mamãe olhem para mim eu só preciso de colinho e casinha quentinha. Mas como eles não sabem se expressar esta forma e no meio do shopping center há muitas ofertas de consumo, ele querem algo.... e ganham. Neste ponto nós também já estamos exaustos e carentes e damos qualquer coisa para termos uns minutos de paz.
Mas nossos filhos por terem uma percepção mais aguçada de si próprios e dos outros percebem esse engodo. Mesmo que tenham apenas um ou dois anos, sabem e quando não conseguem o que precisam , que é afeto, cuidado, família,tornam-se tiranos, como forma de chamar nossa atenção e sobreviverem.

Já não somos os mesmo nem vivemos como nossos pais, mas queremos que nossos filhos sejam como nós, mini-executivos, baladeiros. Os colocamos no inglês, na natação, no reforço, no integral para eles estarem preparados para o futuro, para o Mercado. O Mercado é hoje o Cronos que nos devora. Criança precisa é de brincar. Esperamos que as escola façam isso pela gente, mas brincadeira dirigida é muito diferente de brincadeira espontânea.
Somos pais que estamos sempre perto, mas será que estamos juntos? Presentes?

Já viram o desenho Padrinhos Mágicos, onde o Timmy tem de encontrar padrinhos mágicos para se livrar da terrível babá e ter atenção. Seu pais estão sempre, em todos os episódios, muito preocupados com o bem estar do Timmy, mas não interagem com ele.
Nossos filhos são individualidades cada vez mais requisitantes, por receberam tanto estimulo, por terem mais alteridade. Não é fácil educá-los. Mas se não começarmos a entender que eles são indivíduos que tem suas necessidades especificas e não podemos fazer deles o que queremos, vai ser difícil. E eles, enquanto são pequenos, são crianças, precisam de pai e mãe.
Outro dia no meio de uma acalorada discussão com minha filha porque ela havia respondido mal para pessoas, se recusado a sair quando era hora e sido muito , muito ríspida comigo por estar com raiva de mim, ela me disse, aos 6 anos: “Mamãe, o meu eu humano é diferente do seu, porque você insiste em querer que eu seja igual a você?
Perdi o fôlego ao ouvir isso.
Parei o carro e olhei para ela. E expliquei que era verdade. Ela é muito diferente de mim. Sua forma de expressar raiva é muito diferente da minha. Mas que ser gentil só iria trazer benefícios para ela. E que eu, como mãe tinha de ensinar isso a ela. Negociamos que seríamos mais cuidadosas nos jeito de falar uma com a outra e que ela iria tentar isso também com os outros.

Temos de dar aos nossos filhos uma educação democrática. E é bem difícil deixar que os pequenos tomem decisões sem tornarem-se tiranos. Educação democrática não é ser autoritário ou permissivo, mas é saber exercer o poder de pais que nos compete, mas horas em que é preciso. E ponto.
Nas empresas atualmente um dos cargos mais requisitados é o do negociador. Temos de ser negociadores com nossos filhos. Mas negociar não pode significar fazer um acordo para se ver livre de uma situação ou aborrecimento e depois esquecer. A negociação deve ser cumprida até suas últimas consequências. Senão perde o valor; senão se banaliza e da uma enorme oportunidade para a criança de tornar um tirano.
Outro dia num bate papo informal com um colega, ele  citou Rousseau para fazer uma crítica severa ao construtivismo. Mas o construtivismo ensina nossas crianças a pensarem por conta própria, logo terão suas próprias ideias e numa idade muito tenra. Ele disse também , segundo o contrato social, que perdemos a rua. E é verdade. Perdemos, pela falta de segurança pública, a rua onde nossos filhos poderiam fazer seu processo de socialização de forma mais natural, mas não podemos chegar ao caos de perder a família.
Somente dentro da família a criança descobre e internaliza o AFETO. E dar afeto é dar o que a criança precisa naquele momento.
Se precisa de comida, afeto é comida.
Se precisa de roupa, afeto é roupa, limpa, cheirosa, não necessariamente de grife.
Se precisa de diversão, afeto é brincadeira.
Se precisa de amor, afeto é beijos, é amasso.
Se precisa de limite, e como precisa de limite, afeto é NÃO. Alto, claro e indiscutível NÃO.

Ser pai , ser mãe é uma das obras mais importantes que podemos realizar. Apesar do mundo, do Mercado, tentar nos convencer do contrário.
Que tipo de pais queremos e podemos ser?

Citando o filosofo e educador Mario Sérgio Cortella:
Qual é tua obra?”

A partir desta reflexão,podemos gerar um mundo mais prazeroso com nossos filhos.

Para encerrar, desejo a todos que Metis se liberte e que nossos filhos dourados possam ser gerados e educados com muita prudência, reflexão e afeto.
Obrigado a todos e boa noite





quinta-feira, 31 de maio de 2012

Os Seres do Amanhã 3 - Índigos e Cristal

                                

                     Índigos, Indignados e Mal-Educados



Caros leitores, este talvez seja , dos três textos sobre crianças índigo, o mais difícil para mim. Não pretendo, de modo algum, dar lições ou receitas de como educar nossas crianças. Longe disso. Apenas espero seguir com minhas reflexões e quem sabe ter alguma sugestão para amenizar os crescentes conflitos familiares, muitas vezes potencializados e vividos precocemente quando tratamos com esses Seres do Amanhã.

Para tanto resolvi iniciar com um texto do dr. Içami Tiba, de seu livro “ Quem Ama, Educa!”. No capítulo 4 – Situações Críticas -  o dr. Içami Tiba escreve um sub-título muito interessante. Vamos a ele.

·        Crianças Hiperativas

 Muitas crianças e adolescentes mal-educados estão tomando Ritalina, medicamento que se destina ao tratamento do distúrbio do déficit de atenção (DDA), uma disfunção psico-neurológica que provoca dificuldade de concentração, ou déficit de atenção, ou ainda hiperatividade. Descrito há apenas poucos anos, esse distúrbio foi por muito tempo menosprezado e mal conduzido.
Agora, no entanto, está havendo exageros e confusão a esse respeito. A Ritalina não atua sobre mal-educados. Ainda assim, diagnósticos apressados e equivocados têm feito pessoas mal-educadas ficarem à vontade para continuar mal-educadas sob o pretexto de que estão dominadas pelo DDA. O fato de serem consideradas doentes facilita a aceitação de seu comportamento impróprio.
Claro, é mais fácil mesmo agir sem a necessária adequação de ser humano e cair na escala animal, liberando tudo o que se tem vontade de fazer... Concentrar-se dá trabalho. Exige esforço mental. Como a criança não suporta isso, começa a se agitar, a prestar a atenção em outra coisa.
Portanto, antes de os pais lidarem com o filho como apenas um mal-educado ou como apenas um portador de DDA, é importante que consultem um médico e recebam a orientação correta, base fundamental de boa educação.
Tanto o portador de DDA como o mal-educado são irritáveis, por falta de capacidade de esperar. A espera é um exercício.
São impulsivos, por falta de capacidade de se controlar. Estão sempre tentando fazer coisas.
São também agressivos. Em vez de reagirem adequadamente, é mais fácil para eles liberar a agressão, um dos primeiros mecanismos de defesa do ser humano.
Ambos são instáveis. Ora estão bem, ora estão mal.
Observe alguns dos principais sintomas presentes no portador de DDA  (mas que também podem ser simplesmente falta de educação) :
·        Distrair-se com “pensamentos internos” e cometer muitos erros por pura distração (ortografia, acentos, pontuação etc.).
·        Não ouvir a pergunta até o fim e já ir respondendo.
·        Não ler a pergunta até o fim; esquecimentos em geral: de material escolar, recados, estudos feitos na véspera etc.
·        Não esperar ser chamado
·        Interromper a fala dos outros.
·        Agir antes de pensar e desanimar-se com facilidade.
·        Tirar freqüentes notas baixas apesar da inteligência.
·        Permanecer muito tempo ligado no que interessa e desligar-se do que não interessa.
·        Acordar eufórico querendo resolver tudo naquele dia, mas acabar sendo vencido pela preguiça.
Quanto maior o número de sintomas e o tempo de permanência deles, tanto mais se configura a presença de DDA.
Há, porèm, algumas notáveis diferenças entre um portador de DDA e um mero mal-educado. O portador de DDA continua agitado diante de situações novas, isto é, não consegue controlar seus sintomas. Já o mal-educado primeiro avalia bem o terreno e manipula situações, buscando obter vantagens sobre os outros. (op.cit.,pág 152/154).


Desde de o primeiro dos meus textos tenho ressaltado as semelhanças entre DDA e crianças índigo. Mas  a semelhança entre um índigo e um mal-educado pode  ser assustadoramente maior. E é muito fácil entender porque.

Como já dissemos nos textos anteriores a criança índigo questiona todo tipo de  autoridade absoluta, a rigidez patriarcal. Bem quando começamos a quebrar as regras sem termos algo bem definido para colocar no lugar, estamos diante do caos. Estamos todos de acordo que a exacerbação da rigidez patriarcal está ultrapassada, mas como agir para garantir um equilíbrio nos processos de educação e socialização? Como agir com alteridade, se ainda nem sabemos ao certo como é viver isso em nossa individuação?

É mais do que sabido que crianças precisam de limites claros e bem definidos para um desenvolvimento psíquico sadio. Mas como estabelecer esses limites com crianças que estão nos questionando o tempo todo, que quebram regras, que não aceitam respostas simplistas e/ou autoritárias?

Às vezes, no dia-a-dia, o cansaço pode ser tanto que deixamos passar, que fazemos de conta que não vemos ou, o que é pior, nos encolhemos diante de nossa impotência. Nada pode ser mais prejudicial em educação do que estas atitudes. Nada pode ser mais perigoso do que estas atitudes quando lidamos com crianças índigo.

Ter uma criança mal-educada em casa é como ter TNT prestes a explodir. Ter uma criança índigo mal-educada em casa é como ter em mãos uma bomba atômica. Tudo para essas crianças é potencializado. Para o bem e para o mal.

Não pretendo ser alarmista. Apenas espero deixar uma mensagem mais realista em contraposição ao ufanismo criado em torno das crianças índigo como seres especiais e superiores.

Ao meu ver, são sim Seres Especiais, mas que precisam dos pais e educadores, tanto quanto qualquer ser humano para crescer sadio, pleno. Precisamos estar preparados para a mudança de paradigma da sociedade patriarcal. Precisamos estar preparados para mudar.

Especificamente o que é estar preparado para mudar? É mudar internamente. É acreditar e investir em si mesmo e no processo de individuação. É mover-se. É ter flexibilidade.

Flexibilidade... Talvez esta seja a palavra chave para a transformação!

Tudo o que enrijece fica estagnado. E, segundo o I Ching, tudo o que é estagnado deteriora-se.

Como colocar limites claros diante de tantos questionamentos?

·        Sendo assertivo e não agressivo.

Ser assertivo é ser pontual : o sim é sim / o não é não / por estas e estas razões e ponto.

A agressividade é um dos piores caminhos a serem tomados diante de qualquer criança e de qualquer adulto também. Mas tratando-se de crianças índigo ou de adultos indignados, a agressividade é ineficaz. Não adianta medir força com quem tem a convicção de estar certo. E na  maioria das vezes, o índigo que estiver agindo como índigo/ indignado e não como mal-educado estará certo mesmo. A agressividade frente a seres com esse potencial energético transforma uma discussão ou briga familiar naquela explosão atômica. Seres índigo sabem quem são; sabem o que querem; sabem o que precisam para consegui-lo. São extremamente inteligentes e com um poder de manipulação acima da média. Não medirão esforços até encontrarem o que procuram. Nem que para isso às vezes utilizem essa agressão que encontram em seu meio de maneira desmedida e perigosa. Ou ainda, voltem essa agressão para si mesmos. Uma auto-agressão doentia e mórbida.

·        Sendo paciente e não passivo.

A paciência é uma qualidade muito necessária para o auto-desenvolvimento. O paciente espera e entrega-se ao médico para a cura. O paciente dá-se o tempo necessário para que as mudanças ocorram. Para que o imaturo amadureça. Para que a poeira assente. Para que o insight aconteça.


Mas aquele que está ciente de sua paz –“ paz-ciente” – pode  esperar pelo tempo do outro, pela necessidade do outro, pelo amadurecimento e bem-estar do outro. Aquele que está ciente de si e do outro e de sua paz e poder está agindo com alteridade. E isso é muito diferente de ser passivo. Agir com paz-ciência  é respeitar a individualidade do outro. É saber o momento certo de estabelecer pontualmente o limite – ser assertivo. Agir com paz-ciência é também saber quando e porque parar, quando e porque recuar, voltar atrás.

Avançar, parar, recuar, voltar requer movimento e só se movimenta plenamente quem é flexível. Quem movimenta muda. Quem muda transforma.

Essa é uma educação para a Nova Era. E ela começa consigo mesmo. Primeiro temos que nos educar dentro desse novo paradigma para depois educar os outros. É bom saber porque essa regra ou esse valor é certo para mim, antes de querer transmiti-lo para alguem. Assim será mais fácil o outro acreditar em mim e aceitar o meu limite, não como uma ordem, mas como uma verdade. Assim abre-se espaço para o questionamento.

Muitas vezes a crítica, a não aceitação de uma regra ou imposição acontece apenas porque a criança pode estar percebendo algo que não vemos ou sentimos. Como o dinamismo de alteridade abarca tanto padrões do dinamismo patriarcal como  matriarcal, muitas vezes a proximidade com o inconsciente pode fazer dessas crianças radares captando tanto o inconsciente familiar quanto o coletivo, sem contar as próprias invasões do inconsciente pessoal.

Neste ponto é conveniente abandonarmos a lógica racional e cartesiana, tão enaltecida pelo mundo patriarcal e buscarmos recursos como a intuição, o sentimento e a percepção diferenciada para encontrarmos novos meios de agirmos, avançando ou retrocedendo frente às regras pré-estabelecidas e muitas vezes preconceituosas.

Enquanto escrevo isso uma imagem muito forte se forma em minha mente. É como se essas crianças índigo necessitassem de um acolhimento muito terno e intenso para não saírem em revoada. Um acolhimento, uma  contenção da alma para enquadrar-se neste plano. Em termos psicológicos poderíamos dizer em  estruturação do Ego para não ser invadido pelo inconsciente. Mas é ainda mais que isso. É a alma em seu significado mais profundo que precisa ser cuidada, alimentada. Como um cinturão de energia que nos envolvesse criando para todos os Seres um amanhã multicor.

Terminarei com versos de Drumond, pois as palavras me faltam e nesses momentos os poetas são imprescindíveis.

“ Amar se aprende amando.
 Sem esquecer o real cotidiano,
 também matéria de poesia”.


Bibliografia
  • Içami Tiba “ Quem Ama Eduaca!”  ed. Gente SP/SP 2002.







quarta-feira, 30 de maio de 2012

OS SERES DO AMANHÃ 2- ÍNDIGOS E CRISTAL

                 

                            O ciclo pós-patriarcal


Espero que o meu primeiro artigo sobre as crianças índigo tenha causado ao menos uma inquietação em você, leitor, pois eu o escrevi realmente para fazer uma provocação, para levar a uma posição, seja a favor ou contra, não importa, desde que se reflita sobre o tema.
Agora, pretendo sistematizar meu pensamento, dando-lhe subsídios mais consistentes de análise. Como se diz popularmente: “Vamos colocar os pingos nos is.”

Convido-os, gentilmente,  para seguir comigo nesta busca de entendimento para as mudanças da nossa sociedade.

“O que foi é o que será. O que foi feito é o que se fará. Não há nada de novo sob o sol. Se de alguma se disser: “ Vê, isso é novo”, esta coisa já existiu nos séculos que nos precederam.”
                                                                                                                (Eclesiastes, I, 9-10)

Falar sobre as sociedades matriarcal e patriarcal é algo muito complexo, e pode ser analisado sob diversas óticas. Fundamentalmente estarei centrando meu pensamento na obra de Joseph Campbell e em conceitos de Carlos Byington.

A citação dos Eclesiastes, me parece, descreve de forma lacônica a extensa teoria sobre mitologia comparativa de Campbell. Diz ele: “ O estudo comparativo das mitologias do mundo nos compele a ver a história cultural da humanidade como uma unidade; pois achamos que temas como o roubo do fogo, o dilúvio, a terra dos mortos, o nascido de uma virgem e o herói ressuscitado estão presentes no mundo todo.” “(...) Não foi encontrada ainda nenhuma sociedade humana na qual tais motivos mitológicos não tenham sido repetidos em liturgias; interpretados por profetas, poetas, teólogos ou filósofos(...)”(op cit., pág. 15).

É como a geologia que estuda as camadas sedimentadas dos solos ao longo das eras e a mistura de cada uma delas nas diferentes regiões formando padrões totalmente distintos entre si, mas oriundos de um mesmo subtrato. Grosseiramente, isso é  arquétipo e o inconsciente é o terreno no qual repousa o solo sedimentado.

Vamos recuar no tempo e pensar como nossa história começou. Sociedades primitivas e migratórias desenvolviam-se. Primeiramente de  natureza matriarcal, depois de natureza patriarcal e muito frequentemente coexistiam. Basicamente as sociedades paleolíticas (Paleolítico Inferior e Paleolítico Superior) eram matriarcais e caracterizavam-se pela forma passiva de atuação do homem para a obtenção de sua subsistência .Elas eram coletoras que retiravam da natureza o que esta oferecia ( caça, pesca, extração de moluscos, ovos, raízes e frutos). Quando acabava o alimento daquele local, migravam para outro e assim sucessivamente. No período Paleolítico Inferior os homens aprenderam a dominar o fogo e esse controle  diminuiu a dependência do meio natural. Assim aqueciam-se do frio, iluminavam a noite, defendiam-se de animais, cozinhavam alimentos e, bem mais tarde, passou a cozer a argila e fundir metais. A produção de ferramentas desenvolveu-se muito no Paleolítico Inferior, primeiramente utilizando a pedra lascada e a seguir o núcleo dos blocos originais.

O Homo sapiens apareceu por volta de 25000 a.C, que corresponde ao Paleolítico Superior e já utilizavam o marfim, ossos e pedras para sua ferramentas. Inventaram o arco e a flecha e a lança para a caça. Além de passar a pescar com anzol e linha. Foi lento o processo de desenvolvimento verificado em certas comunidades e sob condições históricas específicas, que fez com essas comunidades dessem um  salto  e passassem a cultivar plantas e domesticar animais, passando então a produtores de alimentos. É a chamada Revolução Neolítica ou Revolução Agrícola (10.000 a.C- 5.000 a.C), na qual a mulher desempenhou papel fundamental. A princípio, muito provavelmente, o cultivo da terra foi uma atividade  praticada pelas mulheres, assim como a coleta de frutos e raízes comestíveis. A caça era atividade masculina.

Nesta comunidade primitiva a mulher tinha posição de destaque e mesmo superioridade em relação ao homem. E isso devido à sua condição de criadora, fixadora e transmissora de conhecimento, das experiências praticadas pelo grupo. Devido ao grande número de casamentos, a descendência era determinada pela mãe- direito materno ( matriarcado). Somente mais tarde, com o surgimento da propriedade privada dos rebanhos, das ferramentas e depois da terra, é que  a descendência passou a ser feita pelo pai, para garantir o direito dos filhos à herança- direito paterno ( patriarcado). A monogamia foi , então, imposta para a mulher, a fim de garantir  aos homens a paternidade e legitimar seus filhos . Por volta de 5.000 a.C a Revolução Urbana  favorece o surgimento de sistemas de escrita e contagem e estabelece-se o domíno patriarcal.

Segundo Carlos Byington, “A Teoria Simbólica da História busca aplicar o conceito de símbolo estruturante e Self Cultural para compreender os acontecimentos históricos através da sua função simbólica na estruturação da Consciência Coletiva de cada cultura. Trata-se de tentar compreender o histórico na dimensão simbólica como vínculo do aqui e agora e suas raízes históricas com as estruturas ou arquétipos do Inconsciente Coletivo...”(op.cit. pág 120/121).
“O conceito de Self Cultural, como conceito psicológico que é, engloba, através da noção de Símbolo Estruturante, todas as funções da cultura e as subordina ao desenvolvimento psicológico humano.” (...) “A dimensão psíquica é assim concebida como essência do ontológico e, por isso, ao ser tomada como parâmetro de totalidade, preserva a integridade do ser humano no nível individual e social, evitando enfoques unilaterais que conduzem ao redutivismo.”(op.cit. pág. 136) (...) “O conceito de Self Cultural se fundamenta na diferenciação e organização das funções culturais subordinadas a quatro estruturas básicas de organização de Self e da Consciência, denominadas matriarcal, patriarcal, de alteridade e cósmica.”(op.cit. pág. 136).
(...) “ Percebendo-se o Self Cultural como uma estrutura que coordena e padroniza o desenvolvimento individual e cultural, podemos descrever (essas) quatro estruturas básicas,  através das quais o self orienta esse desenvolvimento. Estas quatro estruturas são evolutivas no desenvolvimento individual, quando se constituem como ciclos estruturantes de implantação sucessiva, e perduram durante toda a vida.” ( op.cit. pág.137).

Espero que estejam seguindo a minha linha de raciocínio até aqui, para entender que tanto social como individualmente  nossa evolução, enquanto espécie, se faz através de padrões que se repetem e se consolidaram, superando-se, misturando-se e repetindo-se sempre, até que gradativamente ocorre uma mudança significativa na consciência. A seguir, farei um breve resumo dos dinamismos matriarcal, patriarcal e de alteridade, citando textualmente o próprio Byington.

·         Dinamismo matriarcal

“O dinamismo matriarcal deve  ser compreendido no seu aspecto psicológico como um padrão de organização da personalidade, da cultura, da Consciência individual e Coletiva. Sua característica principal é a proximidade da Consciência dos processos inconscientes, o que da à Consciência uma discriminação, como se fosse, mais compatível com a claridade lunar do que com a solar. Suas discriminações, por isso, não são rígidas e preservam uma capacidade muito grande de se transformarem frequentemente, invertendo as polaridades discriminadas, quase que inconscientemente, em função das necessidades do momento. São discriminacões lábeis essencialmente pragmáticas e, por isso, com pouquíssimo dogmatismo abstrato, sujeitas a serem novamente indiscriminadas, cedendo lugar a outros símbolos estruturantes com outras discriminações, quase que como ilhas que afloram e submergem com o movimento das marés. Seria, porém, erro grave achar que elas sumiram e que o pensamento matriarcal é pré-lógico, pois, logo em seguida, dependendo da maré, lá estão aquelas ilhas, aqueles núcleos de consciência, firmes como nunca, discriminados e adequados à realidade, de forma, não raro, surpreendentemente inteligente. Esta habilidade do discurso matriarcal, oriunda de sua proximidade do inconsciente, faz com que este dinamismo necessite de expressão ritualística, geralmente com abundante expressão de sensorial rítmica musicada e dançada, para expressar e manter as discriminações matriarcais. Por outro lado, porém, é a própria labilidade do dinamismo matriarcal que faz com ele, um vez estruturado ritualísticamente, se constitua em hábitos culturais seculares dos quais a Consciência Coletiva dificilmente abre mão para mudar.”( op. Cit. Pág141).

·         Dinamismo patriarcal

“Os ciclos simbólicos estruturantes não se diferenciam entre si pela presença deste ou daquele Símbolo, desta ou daquela função psíquica e sim pelo padrão que rege a estruturação e que orientará o relacionamento do Eu e do Outro na Consciência por ele estrturada. O padrão patriarcal funciona como uma discriminação muito mais rígida e maniqueísta dos pólos de cada símbolo do que o padrão matriarcal. Por isso, em todo padrão patriarcal de qualquer cultura ou personalidade vamos encontrar um grau determinado de rididez na colocação dos limites de suas discriminações. Esta rigidez expressa o grau do componente repressivo sempre presente, que traz consigo uma maior ou menor elitização na discriminação dos pólos dos Símbolos. Isto quer dizer que a estruturação da Consciência pelo padrão patriarcal se faz sempre através de uma determinada repressão em nome de uma lei e ordem abstratas, que fazem com que a Consciência Individual ou Coletiva seja codificada e organizada de forma relativamente repressiva e elitista no relacionamento do Eu com o Outro.(...) Há sempre uma tendência a separar nitidamente o que é do Eu  e o que é do Outro, bem como a separar nitidamente os pólos antiéticos dos símbolos estruturantes e a codificá-los de forma elitizada”.(op.cit. pág. 149)

·         Dinamismo de alteridade

“Os símbolos estruturantes do Novo Testamento quando percebidos dentro da conceituação do Eixo Ego-Self expressam, sem sombra de dúvida, um padrão de estruturação da Consciência muito diferente do padrão patriarcal e que ao mesmo tempo, não coincide com o padrão matriarcal. Percebem-se componentes matriarcais e patriarcais interagindo num padrão de consciência muito diferenciado e desenvolvido que o padrão matriarcal e patriarcal. Denominei-o de padrão de alteridade (alter = outro) porque nele a Consciência se torna capaz pela primeira vez de perceber a si mesma, ao mesmo tempo em que se percebe e ao Outro em  relação ao todo. Alteridade não é simplesmente um padrão igualitário de relacionamento do Eu com o Outro isoladamente, mas do Eu com o Outro relacionados significativamente, ou seja, conscientemente dentro do processo de transformação do todo. Na vivência da alteridade o Eu  se torna capaz de vivenciar a dualidade na unidade. No padrão de alteridade, o relacionamento do Eu e do Outro inclui, simultaneamente, o elemento erótico aglutinador do dinamismo matriarcal e o elemento dogmaticamente discriminador do dinamismo patriarcal no qual  a identidade e a separação do Eu e do Outro são claramente mantidas na Consciência. (...) O padrão de alteridade, como qualquer outro padrão estruturante, é, assim, inseparável do contexto evolutivo. Contudo, enquanto nos padrões parentais (matriarcal e patriarcal) o todo é pecebido coordenando a relação do Eu e do Outro através do desejo ou necessidade de sobrevivência e vitalidade (matriarcal), ou de subordinação à lei tradicionalmente revelada e dogmatizada, para o desempenho de tarefas abstratamente codificadas (patriarcal), na alteridade o Eu se relaciona com o Outro igualmente e desse relacionamento percebe criativa e dialéticamente o desenvolvimento processual do todo, passando a se tornar co-autor consciente e co-responsável por sua História.” (op.cit. pág 156).

Bem, agora que está  conceituada e definida minha linha de pensamento, vamos voltar aos Seres do Amanhã ou crianças índigo, como me referi a eles em meu texto anterior. Naquela ocasião falei das mudanças que observo na nossa sociedade como um esgotamento da sociedade de ordem patriarcal. 
“É como se a sociedade patriarcal em que vivemos estivesse chegando ao seu limite. Um passo em direção a alteridade precisa ser tomado, não apenas enquanto indivíduos, mas enquanto consciência limite da sociedade.” disse então.

Utilizar o conceito de  crianças índigo pressupõe algumas crenças como reencarnação, metafísica ou até mesmo para alguns misticismo, o que limita muito a aceitação da grande mudança social que vivemos e precisamos viver. Não que eu pessoalmente não compartilhe dessas crenças, mas é que ao lidarmos com o social, temos que buscar o que é mais viável para o todo, para um maior número de indivíduos, independente de seus dogmas particulares.

Assim, penso que ao invés de dizermos que estes seres são índigos, poderíamos simplesmente dizer que a humanidade está cada vez mais inserida no dinamismo de alteridade e que as contestações e a recusa às regras pré-estabelecidas e rígidas, fazem parte de Egos cada vez mais estruturados  dentro do dinamismo de alteridade.

Como o desenvolvimento dessas estruturas é evolutivo, num primeiro momento a Consciência norteada pelo ciclo de alteridade era esporádica, como pingos de chuva que caem aqui e ali sem fazer muita água. Mas com o passar do tempo essa evolução vai se intensificando, a diferenciação vai aumentando e atualmente vivemos sob uma chuva torrencial que vem causando muitas inundações.

Não é fácil para uma estrutura de consciência de alteridade conviver, sem choque, com a rigidez patriarcal ou a passividade matriarcal. Por outro lado não é fácil para crianças que ainda nem sabem se expressar adequadamente, questionar seus pais sem serem tidos como agressivos, rebeldes ou anti-socias. Não aqueles pais que, imersos no dinamismo patriarcal, não suportam ver a ordem “naturalmente” hierarquizada da sociedade ameaçada. Daí o conflito.

Quando disse anteriormente que essas crianças estavam sendo transformadas em avatares da humanidade para ofuscar o trabalho que individualmente devemos fazer enquanto desenvolvimento das nossas personalidades, é porque o dinamismo de alteridade faz com tenhamos de viver com consciência do presente 24 horas por dia. E isso, creiam, é exaustivo para quem ainda não integrou suas instâncias psíquicas. Não é fácil para pais conviverem com crianças de tenra idade que os colocam contra a parede, exigindo um grau de elaboração das respostas que muitas vezes nem mesmo os adultos de suas relações estão prontos para dar.  Crianças que não aceitam desculpas ou “mentirinhas de conveniência” como respostas e esperam sempre uma transparência de ações, sentimentos e atitudes. É opressivo para ambos.

Temos, ainda, de ter em mente que os ciclos matriarcal e patriarcal não são bons nem maus em si próprios. Tanto um com outro são necessários e parte integrante do nosso desenvolvimento, mas a unilateralidade em um deles gera distúrbios, quer sociais, quer individuais. Atualmente, a predominância do dinamismo patriarcal sobre os outros dinamismos estruturantes está gerando uma sociedade doente. Citando mais uma vez o texto primoroso de Byington: “O dinamismo patriarcal fabrica no momento o maior arsenal armamentista farmacológico com que já se combateu uma doença. Ao corpo que clama, através de sintomas, por uma vida humana mais íntegra, mais ecológica no sentido da natureza, mas também do corpo, da sociedade e das emoções, responde-se com centenas de milhões de comprimidos de psicofármacos para reprimí-lo.” (op.cit. pág. 143)

Acho que a partir daí explicamos o porquê de tantos diagnósticos de Transtornos de Personalidade, TOC, Hiperatividade, DDA, TDAH... Assim podemos medicá-los, assim a Ritalina e os anti-depressivos  podem ser a bola da vez... E assim os nossos adolescentes, sem nenhuma perspectiva de fazer hoje a transformação da sociedade para a qual geneticamente estão sendo preparados lenta e gradativamente através do processo evolutivo, recorrem ao “cutting”, às tentativas de suicídio, para sentirem que o sangue que corre em  suas veias é real. Que sentem a opressão em seu peito por terem de participar  de uma sociedade doente, mas que os apontam a eles próprios como doentes porque querem expressar hoje os Seres que São e não continuar esperando pelos Seres do Amanhã.

Apesar de ser muito bem vinda essa mudança de consciência, neste momento ela ainda é muito tumultuada. Nem tudo são flores para os índigos ou para os indignados. Pelo contrário, às vezes parece que ao invés de ter surgido uma nova cor, sumiram todas as cores e o cinza dos dias de tempestade impera.
Mas é somente depois da chuva que vemos o arco-iris e aí tudo é multi-colorido.

No próximo texto, que será menos conceitual, pretendo falar sobre os índigos e as relações familiares.
Agradeço a sua companhia e estaremos juntos em breve, em mais um Amanhã.




Bibliografia


·         Campbell, Joseph -  As Máscaras de Deus- Mitologia Primitiva”,editora Palas Athena, 4º edição, RJ.
·         Byington, Carlos- “Uma Teoria Simbólica da História. O Mito Cristão como principal Símbolo Estruturante do Padrão de Alteridade na Cultura Ocidental, in JUNGUIANA Revista da sociedade Brasileira de Psicolgia Analítica nº 1/ 1983.
·         Aquino,Denize, Oscar- “História das Sociedades – das Comunidades primitivas às sociedades Medievais, Ao Livro Técnico, RJ, 1980.
·         Carroll, Lee * Tober, Jan- “Crianças Índigo”, Butterffly Editora, SP, 2005.